terça-feira, 21 de março de 2023

O fluxo da Cracolândia ameaça liquidar o comércio de SP

 

Essa é a dura realidade que diversos micro empresários enfrentam na região

      EBC

O crack ameaça transformar o centro de SP numa massa falida

Luís Alberto Alves/Hourpress

Imagine você abrir uma loja, seja para vender autopeças, eletrodomésticos, produtos eletrônicos, elétricos, roupas ou restaurante ou bar. Investir dinheiro acumulado de férias, 13º salário, venda de carro e o restante que estava na poupança para garantir o sustento de sua família. Depois de algum tempo o seu negócio começa a enfrentar dificuldade. Você não consegue mais pagar tributos, impostos, salários de funcionários, fornecedores, aluguel etc.

Essa é a dura realidade que diversos micro empresários enfrentam na região das ruas Santa Efigênia, Vitória, Aurora, General Osório, Conselheiro Nébias, Triunfo, Alameda Glete, Frederico Stendel, Duque de Caxias, Guaianazes, Gusmões e Rio Branco. Após a Polícia retirar os dependentes químicos da Cracolândia, concentrados na rua Dino Bueno, Largo Coração de Jesus e Alameda Nothmann se espalharam por ruas próximas.

A concentração de viciados em crack diante de lojas comerciais acendeu o estopim do fogo do inferno. Em grande número, na busca de dinheiro para comprar a droga assaltam consumidores, lojistas, empregados e motoristas que ousam passar por essa região. Há casos de aglomerações com mais de 200 pessoas impedindo a passagem de qualquer veículo.

Negócio

Não é mais novidade casos de arrastões nas esquinas das Avenidas Rio Branco com Duque de Caxias. O carro ou ônibus é cercado, quebram os vidros, assaltam motorista, passageiros e levam celulares, dinheiro e qualquer tipo de objeto de valor. A situação piora a cada dia. Restaurantes sem clientes, lojas que não conseguem mais vender mercadorias e dívidas se acumulando. O próximo passo é falência do negócio.

Diante deste terror, inexplicavelmente o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) apenas repetem chavões: “a polícia continua patrulhando a região, retirando de circulação traficantes. A prefeitura limpa as ruas, impedindo o acumulo de lixo, além de investir recursos por meio de profissionais de saúde que atendem os dependentes químicos”.

Chegou a hora de o governo estadual e municipal aplicar tratamento de choque. Não é mais possível tratar a questão da dependência química como algo comum. É preciso investir pesado na internação dessas pessoas em clínicas de recuperação, independente da vontade do viciado neste tipo de droga. Após a etapa de desintoxicação, o governo precisa abrir portas de emprego para quem conseguiu se livrar deste tormento.

Fumaça

Quanto aos traficantes, o serviço de inteligência da Polícia precisa acelerar o processo de identificar qual o trajeto utilizado para a droga chegar até essas regiões. Deve prender todos os envolvidos. Não apenas tomar medidas paliativas, como prender ladrões de celulares ou de relógios. Mas chegar aos tubarões. Aos magnatas do tráfico. Quem vende pedras de crack na Cracolândia são os lambaris. Quando presos, logo são substituídos. É o mesmo de tentar enxugar gelo ou ensacar fumaça.

Nesta empreitada é preciso envolver o ministério da Saúde em medidas eficazes, incluindo o trabalho de assistentes sociais e mapeamento de entidades sérias no tratamento da dependência química. O ministério do Trabalho deve estar presente para encaminhar essas pessoas ao mercado, após sair desta internação. O ministério das Cidades também pode colaborar por meio de política pública para que essas pessoas tenham moradias, pagando baixas prestações. Do contrário voltam às ruas e aos vícios.

É importante deixar de lado os discursos dos “Che Guevara” de apartamentos. Pessoas que criticam qualquer ação do governo para retirar os dependentes químicos das ruas. Alguns chegam até a defender a criação de lugares para consumo das drogas como meio de acabar com a Cracolândia. É o mesmo de passar pomada num tumor, em vez de retirá-lo do corpo. Caso não tenhamos nenhuma medida séria para resolver esse problema, logo o Centro de São Paulo será uma gigantesca Cracolândia com ruas cheias de lojas falidas. Qual é o melhor para a cidade?

Luís Alberto Alves, jornalista, editor do blogue Cajuísticas.

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