terça-feira, 21 de setembro de 2021

Apenas coincidência?



Essa situação é munição para aumentar a fogueira do pessimismo

*Luís Alberto Alves/Hourpress

O movimento #Arcadismo, impactado pelo #Iluminismo no século 18, entre 1750 e 1780 na França, revela, séculos depois, que o homem tenta voltar ao passado.

Uma das características do #Arcadismo é cortar tudo que seja inútil por meio do abandono do uso exagerado da figura de linguagem.

Ao trazermos para a #economia, na atual crise mundial, principalmente por causa da pandemia, quando ocorreu a retração o comportamento relativo à #ostentação.  Hoje não é bem visto nas redes sociais, que deixou em apuros a grande mídia, exibir inúmeros carros importados, joias caras, mansões cinematográficas.

“fugere urbem”

As pessoas, após muito tempo reclusas em casa, reconhecem o valor do presente, principalmente de não terem se tornado vítimas da #covid-19. Imóveis afastados dos grandes centros são procurados. Muitas #famílias estão se mudando para cidades do Interior em diversas regiões do #Brasil.

Como na época do #Arcadismo, elas colocam em prática o lema “fugere urbem” (fugir da cidade), “locus amaenus” (deixando para trás), “locus horrendus” (o lugar horrível) em que se tornaram as cidades de grande porte, com a vida perdendo o valor.

Hoje, para se obter dinheiro fácil, via #PIX, celulares são roubados em avenidas movimentadas, reforçando parte do poema do inconfidente Claúdio Manuel da Costa: “Quem deixa o trato pastoril amado/pela ingrata civil correspondência/ou desconhece o rosto da violência/ou do retiro a paz não tem provado”.

Admirável Mundo Novo

Atualmente, em vez das doses da pílula de “Soma”, descrita no livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, disfarçadas de # “BBB” ou # “Fazenda”, inconscientemente algumas pessoas procuram, no plano individual uma vida familiar simples e politicamente uma sociedade baseada na justiça, igualdade e soberana no povo.

Algo já descrito nas páginas do livro “O Contrato Social”, publicado pelo filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, há 232 anos!!! Nesta mesma onda, daquela época, outro filósofo da França, Montesquieu, escrevia em sua obra “O Espírito das Leis” em que a única maneira de garantir a liberdade era por meio da independência dos três poderes: #Executivo, Legislativo e Judiciário.

Infelizmente no Brasil, o #Judiciário, por incompetência do #Legislativo, assumiu o posto de criador de leis, algumas delas nocivas à democracia. Hoje, um minstro do #STF (Supremo Tribunal Federal) se comporta como policial, juiz e promotor, ao mesmo tempo.

Futuro da Naçâo

O #Legislativo, em vez de pensar no bem-estar da população, quando se reúne para criar e aprovar leis, jamais pensa no futuro da nação. Exemplo deste absurdo foi entupir de artigos a MP (Medida Provisória) 1045/2021, que propunha, entre uma série de violência contra o trabalhador, emprego que o funcionário não tivesse direito ao #FGTS (Fundo de Garantia de Tempo de Serviço), Férias e 13º Salário.

Como se vê, cada vez mais o passado continua comandando o presente. O chamado século 21, era da tecnologia, da alta velocidade da informação, está recheado de atraso. É como se o mundo estivesse na época do Barroco, no século 17, com a população vivendo de falsa aparência e desconfiando de tudo.

Parado no semáforo, seja de dia ou de noite, você estaria tranquilo ao ver duas pessoas numa moto, ficar ao teu lado, com o garupa enfiando a mão no bolso da jaqueta? Talvez ele fosse apanhar o #celular ou documento, mas na cabeça da maioria dos motoristas, se visualiza uma arma.

Jovens sem emprego

Os nossos jovens, impactados pela pandemia e elevado #desemprego, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 14 e 17 anos, 46%, estão sem trabalho e de 18 a 24 anos, 31% se encontram sem emprego.

Essa situação é munição para aumentar a fogueira do pessimismo. Não é novidade para a grande quantidade de brasileiros que, atualmente, busca auxílio religioso; outros recorrem às drogas ou à criminalidade como meio de obter sossego e dinheiro.

De acordo com o ministério da Justiça, 54% dos presos no Brasil têm entre 18 e 29 anos, segundo dados de 2020. Atualmente, a sociedade brasileira é cética, pois convive num mundo repleto de engano, exatamente como ocorria na época do Barroco.

Um sermão do Padre Vieira (1608/1697), “Sermão de Santo Antônio aos Peixes”, ele já recriminava a corrupção do então Brasil colônia, na época com apenas 200 anos! Num dos versos dizia: “... o efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta, como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção?....

 *Luís Alberto Alves é jornalista e editor das Cajuísticas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário