Ele tinha vários inimigos nos Estados Unidos
O último discurso do líder negro, Martin Luther King
Luís Alberto Alves/Hourpress
O dia 4 de abril de 1968 caiu numa quinta-feira. Essa data entraria para a história da
população negra e das pessoas que amam a paz. Pouco depois das 18 horas deste
terrível dia, o pastor batista e Prêmio Nobel da Paz em 1964, Martin Luther King
saiu à sacada do Lorraine Motel, na cidade de Memphis, Tennessee, onde estava
para intermediar uma greve de garis, onde os funcionários negros ganhavam menos
do que os seus colegas brancos para realizar a mesma função.
Infelizmente foi a última vez que Luther King repetiu este
gesto. Minutos depois acabou alvejado no pescoço com um tiro de rifle e morreu.
Ao seu lado, estava o colega de luta pelos Direitos Civis, mais tarde reverendo
Jesse Jackson. A Polícia fez diligências e prendeu o racista James Earl Ray,
que negou até a sua morte, décadas depois, que tenha sido o autor do disparo
fatal que matou o líder negro.
A viúva dele, Coretta King, tentou reabrir o processo
alegando conspiração, como motivo para assassinar o seu marido. Mas a Justiça
norte-americana não acatou as suas justificativas. Ele tinha vários inimigos
nos Estados Unidos, principalmente os empresários da bilionária indústria de armas.
Num discurso em 1966, Luther King foi contra a Guerra do Vietnã, que
oficialmente deixou 50 mil militares norte-americanos mortos, a maioria negros
e pobres.
Pobreza
O cão de guarda do FBI (equivalente à Polícia Federal), o
diretor J. Edgar Hoover, carimbou King de comunista por defender a retirada das
Forças Armadas dos Estados Unidos do Vietnã, e na visão dele, entregar o
governo daquele país, aos socialistas do Vietnã do Norte. Por causa da luta pelo fim da discriminação
racial, King era preso constantemente nos protestos em que participava. Também
era odiado pelas entidades racistas do Sul daquela nação, inclusive pela Ku
Klux Klan, nascida no Estado da Geórgia.
Curioso é que no dia 3 de abril, véspera de sua morte, King
discursou diante de uma multidão no Templo Bishop Charles Mason. Disse que “se
algo não for feito, e com pressa, para tirar as pessoas de cor do mundo de seus
longos anos de pobreza, seus longos anos de mágoa e negligência, o mundo
inteiro está condenado”. Mais adiante,
frisou que enxergava a montanha da Terra Prometida, que havia travado o bom
combate e corrido a corrida estipulada por Deus.
Luther King tinha 39 anos quando partiu para sempre. Era um
líder que estava provocando grandes mudanças na sociedade norte-americana. Se
tivesse chegado aos 80 anos, talvez estaria por traz de transformações
significativas que impactariam o mundo, como realizou na década de 1960. Levava
ao pé da letra o mandamento de Jesus Cristo, de que todos nós somos iguais. Não
tinha medo de ameaças. Essa é uma das marcas dos grandes líderes, hoje em falta
no mundo.
Luís Alberto Alves, jornalista, editor do blogue Cajuísticas.
O último discurso de Luther King
https://www.youtube.com/watch?v=7wQqhFjmJGc
Bela história, homem de bem! Parabéns pela reportagem meu caro irmão!
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