sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Por que o mercado imobiliário é um termômetro da economia?

 O mercado tem uma correlação muito importante com a taxa básica de juros da economia

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O mercado imobiliário e a economia caminham em conjunto


Redação/Hourpress

Para o diretor de novos negócios da NEWPROPERTIES, Henrique Haddad, o mercado imobiliário e a economia caminham em conjunto, como uma via de mão dupla para ambos. “Ao mesmo tempo que o mercado imobiliário pode impulsionar a economia (tanto em termos de geração e emprego, quanto crescimento/PIB), uma economia saudável é essencial para o bom desempenho do mercado imobiliário (juros, inflação, confiança do consumidor”, avaliou.

Para comprovar as relações entre os setores, Haddad analisa as influências da taxa de juros, desemprego, PIB, confiança do consumidor e inflação da construção civil. “O mercado imobiliário depende de economia positiva para crescer e a economia depende da confiança do consumidor para comprar. Ou seja: eles são 100% correlatos entre si”, explicou.

Taxa de juros

Sob a ótica de demanda, o mercado tem uma correlação muito importante com a taxa básica de juros da economia, a Selic. “À medida que o cliente depende de financiamento, quanto maiores os juros, mais difícil o cliente tomar a decisão de compra. Isso porque grande parte do preço do imóvel está embutido em quanto ele vai pagar de juros no financiamento”.

A influência dos juros é tanta que o mercado imobiliário bateu recordes em 2020 e 2021, com aumento em contratos de financiamentos e crescimento nos lançamentos das construtoras. O motivo principal foi a queda dos juros que atingiu a mínima histórica em 2%, entre os meses de setembro e março desses anos.

A taxa influencia diretamente na contratação de crédito, tanto que ocasionou a redução dos custos para financiar imóveis neste período. Construtoras, bancos, imobiliárias, fintechs e o próprio consumidor se beneficiaram.

Portanto, quando o assunto é taxa de juros, conforme o diretor da NEWPROPERTIES, a economia influencia o mercado imobiliário.

Desemprego

O mercado imobiliário emprega cerca de 10% da mão de obra do brasileiro atualmente no setor de construção civil. “Desta forma, o desemprego é relevante para esse mercado, uma vez que quando a demanda é maior, se constrói mais e automaticamente mais empregos são gerados”, afirmou.

Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor da construção civil fechou o primeiro semestre deste ano com a criação de 184.748 novos empregos formais. Considerando as séries do Caged e do Novo Caged, esse número é o maior para o período desde 2012 (205.907). Das vagas geradas, 85.131 foram na construção de edifícios, 63.066 nos serviços especializados para a construção e 36.551 em obras de infraestrutura.

“Aqui, se vê o mercado imobiliário influenciando a economia positivamente”, pontuou Henrique Haddad.

PIB

De acordo com a FGV (Fundação Getulio Vargas), 2022 está sendo outro ano de crescimento expressivo para a construção, que continua surpreendendo com projeção de crescimento de 5,9%. Os números dos primeiros meses já tinham promovido a revisão da projeção para 2022, que agora, com o desempenho excepcional do segundo trimestre, teve nova melhora.

No segundo trimestre, houve aceleração do PIB setorial, que alcançou, em 12 meses, variação de 10,5%, superando a taxa alcançada em 2021. Com esse resultado, o PIB do setor irá superar o nível pré-pandemia (2019) em quase 9% e diminuir a distância para o pico registrado em 2013 (-21,7%).

“O PIB em crescimento nada mais é do que o mercado de construção civil igualmente em ascensão, considerando que uma parte importante do PIB total vem da construção civil. Assim se vê o mercado imobiliário mais uma vez impactando a economia”.

Confiança do consumidor

A decisão por comprar um imóvel é, em muitos casos, pautada pelo impulso, como qualquer bem que se consome. “Trata-se de uma decisão racional, porém baseada no desejo de compra e, por isso, relacionada com a confiança do consumidor”, comentou Henrique Haddad.

Condições econômicas menos favoráveis do país - ambiente com inflação e juros altos, incerteza política, quadro fiscal incerto, questões sociais conturbadas e PIB sem crescimento, em geral, costumam abalar a confiança do consumidor.

“Confiança abalada, consumo menor”, dispara o diretor. “Igualmente, ter a confiança elevada aumenta o poder de decisão pela compra, neste caso, com a economia influenciando o mercado imobiliário”, avaliou.

Inflação (da construção civil)

A inflação da construção civil é caracterizada quando o consumidor, na ponta final da cadeia, perde poder de compra. Isso ocorre quando o aumento dos custos, mão de obra e matéria prima é repassado para o comprador. “Vimos isso nos últimos dois anos com mais afinco, e olhamos para o consumidor que antes podia comprar 100 metros, hoje está comprando 70 metros. Mas, as expectativas são otimistas”.

De acordo com o IBGE, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) foi de 0,38% em outubro, 0,06 ponto percentual abaixo da taxa de setembro (0,44%) e a menor taxa desde julho de 2020. O acumulado nos últimos doze meses foi para 12,41%, resultado pouco abaixo dos 13,11% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. O acumulado no ano fechou em 10,64%.

“Um segmento é tão atrelado ao outro que se torna difícil relacionar quem está impactando quem. A certeza que nos enche de esperança é que o mercado imobiliário no Brasil é sólido e resiliente, configurado como uma classe de ativos consolidada”, finalizou Henrique Haddad.


 

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