terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Proteja seu filho para que ele não seja vítima da violência


Homens jovens morrem onze vezes mais que mulheres


Redação/Hourpress

No Brasil, homens jovens morrem onze vezes mais que mulheres em situações ligadas à violência na rua, por outro lado, é crescente o número de mortes por violência contra a mulher dentro de casa, esses são números do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Dados do Ministério da Saúde registra, que a cada 4 minutos uma mulher é agredida. Em 2018, foram registrados mais de 145 mil casos de violência física, sexual e psicológica. Só na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, são registrados nas DDMs (Delegacia da Mulher) 20 boletins diariamente.
Essa informação é um convite para os pais refletirem. O que está acontecendo com a estrutura familiar dos brasileiros? Como estão educando seus filhos?
Analisando esses dados a Educadora em Sexualidade Lilian Macri diz que é muito comum, pais de forma inconsciente, educarem seus filhos meninos para serem violentos levando a vivência do que chamamos de masculinidade tóxica. “Esse comportamento vem da crença que homem que é homem não chora, não leva desaforo para casa, homem tem que pegar todas, arruma briga no trânsito, etc. De forma crônica vamos retirando dos nossos meninos a possibilidade de vivenciar características do ser humano como todo. Trabalhar sentimentos, conversar sobre eles, faz parte do desenvolvimento saudável de qualquer criança. Isto ajuda inclusive, no cuidado que eles terão com eles mesmos no que diz à atenção à saúde na vida adulta. Não só as meninas precisam ter este direito”, explica a especialista.
Falar sobre sentimentos não é coisa de mulher ou de gente “fraca”. É coisa de ser humano que tem a possibilidade de crescer bem resolvido e feliz. Mas, infelizmente nem todas as famílias e escolas conseguem colocar isto em prática.
As grandes desigualdades de gênero que afetam meninas e meninos começam a ser construídas pela educação que as famílias dão a eles desde pequenos. O mesmo caminho que leva à violência doméstica também leva às estatísticas que homens morrem mais em situação de violência nas ruas.
De acordo com a educadora tudo começa dentro de casa, com os exemplos dos próprios pais. “É dentro de casa que devemos ensinar que as meninas devem ter as mesmas possibilidades que os meninos. Entre irmãos, vamos exercitando que o menino não pode decidir a roupa da menina ou outras coisas dela. Também deve ser ensinado que meninos podem sim expressar sentimentos e, que podem não revidar uma provocação numa situação de violência e que isto não irá torná-lo “menos homem”, e assim, retirá-lo da situação de risco. Ao pensar em tudo isso, vamos entendendo que respeito por si e pelo outro se ensina sim, desde pequenininhos! As crianças vão crescendo mais fortes como seres humanos”, explica.
Uma forma de educar os filhos é ensiná-los o que é consentimento. A palavra Consentimento significa permissão, mas a questão é: como educar uma criança para que ela entenda que o que ela pode ou não permitir, que os outros façam a ela? Falar sobre consentimento é ensinar limite, respeito, compreensão e autoconhecimento para o indivíduo.
“Desde bem pequena, ao brincar com a criança, ensiná-la que ela deve pedir para parar quando ela não quiser mais. Explicar mesmo! Dizer isto: filha, se não gostar da brincadeira e quiser parar é só falar. Das brincadeiras em grupo até “o fazer cócegas”, e também em situações onde, por exemplo, vá fazer uma troca de roupa ou da fralda. Converse com a criança desde bebê e explique o que está fazendo. Ao crescer ela vai aprender que o corpo é dela e que ela pode e deve escolher quem vai tocá-la, com quem vai brincar, seus limites e os dos outros. Entendendo que não precisa se submeter às situações que sejam desconfortáveis e desnecessárias simplesmente para agradar alguém, chegando até as de violência, sejam elas quais forem, tanto para meninos quanto para as meninas. Lembrar sempre que crianças não vivem para servir ou agradar adultos. São seres humanos em desenvolvimento. Quando uma criança, menino ou menina, tem uma educação em sexualidade conduzida de forma séria e ética pela família e a escola, muitos problemas são evitados, entre eles, a violência”, conclui Lilian.
 Gênero e consentimento são alguns dos temas que Lilian Macri aborda no seu livro “Mamãe, o que é sexo? Vem que eu te ajudo com a resposta!”, da Editora Êxito e em suas palestras.
O livro tem a proposta de sanar dúvidas, esclarecer o papel da família e da escola, alertar sobre a prevenção de abuso sexual infantil e ajudar famílias e educadores, por meio de metodologia, a desenvolver uma educação em sexualidade sadia e eficiente.
Sobre Lilian Macri
Mãe, médica (CRM 99193), pós-graduada em sexualidade pela Universidade de São Paulo, em educação em sexualidade pela UNISAL e especialista em terapia sexual pela SBRASH.
Atua como colaboradora do Projeto Afrodite da UNIFESP, no ambulatório de disfunções sexuais femininas. Atende em seu consultório e ministra palestras sobre sexualidade pelo país, com foco em orientação de famílias e educadores sobre a sexualidade infantil.
É idealizadora do Método Educando para a Vida, que visa à inclusão da família e da escola na construção de valores éticos com os filhos/alunos, priorizando a humanização das relações e pessoas envolvidas. A ideia é trabalhar os três pilares: família, escola e filhos/aluno.

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