Em mais de 20 anos, a polícia continua descendo a madeira nos adolescente e jovens que apenas procuram se divertir
Luís Alberto Alves/Hourpress
As nove mortes ocorridas
durante um pancadão na favela de
Paraisópolis, Zona Sul de SP, neste final de semana, revelam que a periferia
ainda continua sofrendo sem opções de lazer. Os jovens só têm as mesas de bilhar, dominó, baralho nos botecos.
Para futebol, não existe mais
os famosos campo de terra ou quadras esportivas. Em termos de música, os bairros afastados do Centro não há nada
que possa servir para preencher o espaço do final de semana.
Na década de 80, na capital
paulista, durante gestão da prefeita petista
Luiza Erundina, a administração criou as ruas de lazer em cada região da cidade.
Ali, a população tinha acesso a peças de teatro, oficinas de artes plásticas e
vários gêneros musicais. Num deles surgiu o grupo Negritude Jr.
Os adolescentes e jovens das
décadas de 60, 70 e 80 tinham os salões de baile, onde DJs locavam galpões ou
ginásios esportivos de clube de futebol para os famosos bailes de final de
semana.
Ali se ouviam os lançamentos da Black Music internacional, além de
apresentações de ícones como Tim Maia, Jorge Benjor (que na época ainda
assinava como Jorge Ben) e artistas internacionais como Zapp, Roy Ayers e Earth
Wind & Fire.
Com a rapaziada da Furacão
2000, no final da década de 90 que o
Pancadão ganhou força e saiu para as ruas. Usando a batida americana do Miami House, o nome Funk de carona,
logo os quarteirões das ruas eram ocupados pelos bailes que terminavam só no
início do dia seguinte.
O começo era de canções
inocentes, mas depois entraram em cena os “proibidões”
de letras elogiando o crime organizado e versos recheados de palavrões. Não
demorou para que essas festas virassem point para traficantes venderem drogas e
até dominarem as festas.
De carona na fase de rebeldia,
comum na adolescência, o som muito alto e xingamentos logo passaram a incomodar
quem mora nessas regiões. Em vez de
oferecer opções de lazer com montagem de palcos e valorização de artistas da
região, o poder público resolveu optar pela repressão.
Em mais de 20 anos, a polícia
continua descendo a madeira nos adolescente e jovens que apenas procuram se divertir.
Nenhum governo, seja de direita ou esquerda apresentam solução. Apenas dão
carta branca para a PM bater, humilhar ou até mesmo prender que se encontram
dançando nestas festas.
O que aconteceu na favela de Paraisópolis já era uma tragédia
anunciada. A desculpa esfarrapada de que ocorria perseguição, eu vejo com
reserva. A repressão é a mesma aplicada pela PM nas manifestações estudantis e
sindicais. Quando morrem muitas pessoas, as autoridades apresentam desculpas,
que só ingênuos acreditam.
Nunca
se esqueçam: em terra de cego, quem tem um olho enxerga tudo!!!
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