Radiografia da Notícia
* Pediatra comenta artigo científico que aborda a dificuldade de relacionamento gerada pelo excesso de uso de telas pelas crianças combinado com o estresse dos pais gerado pela culpa dessa situação
* Isso significa que conteúdos educacionais ou interativos podem oferecer benefícios cognitivos e promover o aprendizado
* Sabe-se que o uso excessivo de telas por crianças se associa a quadros de obesidade infantil
Redação/Hourpress
Publicado recentemente pela revista científica Media Psycology, o artigo "Muito tempo de tela ou muita culpa? Como o tempo de tela infantil e a culpa dos pais afetam o estresse dos pais e a satisfação no relacionamento", de Lara N. Wolfers, Robin L. Nabi e Nathan Walter falou abertamente sobre a dupla dificuldade em lidar com telas na infância: o excesso dos filhos e a culpa dos responsáveis.
"Mais do que apenas o tempo de tela em si, a culpa sentida pelos pais por permitirem o uso de dispositivos eletrônicos por seus filhos tem um impacto significativo no estresse parental e na qualidade das relações familiares", resume a Dra. Aline Piedade, Pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ao convidar a sociedade brasileira para discutir novas abordagens de solução para o problema: "É importante que esse tema seja abordado de forma equilibrada, levando em consideração o contexto atual das famílias brasileiras", pondera.
Sabe-se que o uso excessivo de telas por crianças se associa a quadros de obesidade infantil, dificuldades de interação social e impactos no desenvolvimento cognitivo. Por esse motivo, segundo a médica, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda limites para o tempo de tela, especialmente para crianças pequenas. "O problema é que muitos pais sentem que não conseguem cumprir essas diretrizes, gerando sentimentos de inadequação e culpa. Essa culpa pode levar a um aumento do estresse, que, por sua vez, pode prejudicar a relação entre pais e filhos", avaliou a Dra. Aline.
Para ela, é importante reconhecer que o uso de telas se tornou uma parte inevitável da vida moderna e que abordagens mais flexíveis e compreensivas podem ser mais benéficas para a saúde mental e emocional das famílias. "Caso contrário, essas diretrizes podem aumentar a pressão sobre os pais, que já se sentem sobrecarregados em equilibrar as demandas da vida moderna, especialmente em um cenário de pós-pandemia e mudanças sociais rápidas", pontuou.
Vamos à prática
A fim de desfazer esse nó, a médica propõe uma estratégia de usar as telas a favor da relação pais e filhos, integrando-a na rotina. Ela conta que há pesquisas indicando que a qualidade do conteúdo visualizado se torna mais importante do que a quantidade de tempo de uso de tela.
Isso significa que conteúdos educacionais ou interativos podem oferecer benefícios cognitivos e promover o aprendizado, especialmente quando consumidos em conjunto com os pais. "A tecnologia pode ser usada para complementar a educação e fortalecer vínculos quando os pais participam ativamente das experiências digitais de seus filhos, e esta participação ativa não apenas reduz a culpa parental, mas também fortalece a relação e o aprendizado conjunto", opinou a pediatra.
Diante disso, sua recomendação aos pais passa por ações como:
- Participar das atividades online dos filhos, discutindo e selecionando conteúdo juntos;
- Priorizar conteúdo educativo e interativo que estimule o aprendizado e a curiosidade;
- Estabelecer limites de tempo realistas que considerem as necessidades e as circunstâncias únicas de cada família;
- Incentivar discussões abertas sobre o que as crianças estão assistindo e aprendendo, promovendo um ambiente de confiança e apoio.
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