quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Monark: Jornalismo não é para amadores!

 


De correr atrás de boas informações, às vezes colocando em risco a própria vida

    Pixabay

Campo de concentração de Auschwitz, Polônia, onde milhões de judeus foram executados por nazistas


Luís Alberto Alves/Hourpress

O recente elogio do influencer digital #Monark a respeito da legalização de um partido #nazista no Brasil revela que Jornalismo não é para amadores, mas para #profissionais. Por isto que este tipo de trabalhador precisa gostar de ler a respeito de tudo, principalmente história.

Não há diferença, entre prestar serviço em televisão, rádio, jornal, revista ou portal de notícias. A regra válida é o profissionalismo. Mesmo após o ministro do #STF (Superior Tribunal Federal), #Gilmar Mendes, ter derrubado a exigência de diploma universitário para o exercício dessa profissão, os recentes absurdos mostram a loucura que é colocar um microfone diante de alguém despreparado.

Nos últimos anos, o mercado publicitário picado pela mosca das #redes sociais resolveu despejar dinheiro em cima dos #influencer digital, por causa dos supostos milhões de seguidores que eles têm, visando transformá-los em possíveis consumidores.  A maioria desse pessoal não tem cacife para falar a respeito de vários assuntos, com credibilidade!

Justiça

São apenas curiosos. Desconhecem as diferenças de partidos políticos de esquerda, direita, centro, extrema-esquerda, extrema-direita e até mesmo anarquismo.  Confundem #democracia com bagunça. Na ótica deles, hoje se pode falar de tudo, sem sofrer processos na #Justiça. Afinal, de contas imaginam que a livre expressão de opinião é passaporte para qualquer tipo de absurdo.

Diante de um microfone ou câmera do celular, os #Monarks da vida abrem as bocas para despejar a sua incompetência diante de milhões de internautas. Igual comida fast food, o que vale, na ótica desses desocupados, é fazer determinado assunto explodir nas #redes sociais, com milhões de likes, para satisfação do ego pessoal. É neste comportamento estranho que pulam no abismo da ignorância.

A regra é atacar. Não escapa ninguém! Político, economista, empresários, evangélicos, negros, mulheres chefe de família, sindicalistas, muçulmanos e agora judeus.  Há poucos anos a revista francesa #Charlie Hebdo, em nome da liberdade de expressão, resolveu publicar uma charge insultando #Maomé, profeta do islamismo. Seria o mesmo de atacar os cristãos, com uma charge de #Jesus Cristo.

Qualidade

O tempo fechou para os editores da #Charlie Hebdo. Por falta de tempo nos bancos escolares e leitura de bons livros, atualmente qualquer cabeça de bagre pode abrir um canal no #YouTube e despejar em nossos olhos e ouvidos conteúdos de péssima qualidade. Julgam-se os donos da verdade. Como nunca sentiram na pele a perseguição de regimes ditatoriais, inclusive com o risco de perda da própria vida sob tortura, se consideram acima do bem e do mal.

Dentro de uma redação existem profissionais responsáveis para checagem de informações. Em obediência à lei, não se publica nome, nem foto de criança e adolescente envolvido em notícias de Segurança Pública, assim como ninguém é culpado antes de passar pelo crivo da Justiça, dai o uso das palavras “suspeito” e “Acusado” nos títulos e textos deste tipo de matéria.

Por questão de bom senso, bons #jornalistas não revelam os nomes de testemunhas em suas reportagens. Assim como não se publica imagens de mulheres vítimas de violência sexual, nem muito menos apresenta vídeo com a voz natural delas. Mesmo com esses cuidados, nós jornalistas nunca esquecemos da barbaridade que foi o caso #“Escola de Base”. Por causa de um delegado irresponsável, uma família teve sua vida empresarial e pessoal destruída.

Sensatez

#Monark é o exemplo do absurdo que impera na internet, onde milhões de seguidores são sinônimo de confiabilidade. É o mesmo de dizer que o narcotráfico gera postos de trabalho com atividade criminosa. O mercado publicitário precisa rever a sua postura. Qual a preferência? #Jornalismo responsável ou a loucura de espalhar notícias sem qualquer embasamento histórico e político?

Alguém ignorar o flagelo que foi o #nazismo é o mesmo de dizer que a água do mar é doce, em vez de salgada. Não vale a desculpa que sofreu assédio moral no trabalho. É papo furado. #Monark precisa retornar aos bancos escolares e aprender, principalmente história. Depois conhecer os fundamentos clássicos do bom jornalismo.

Ao contrário do que aparece em novelas e filmes, não é uma profissão cheia de glamour. Pelo contrário, é muito sacrifício. De correr atrás de boas informações, às vezes colocando em risco a própria vida, como aconteceu com o repórter Tim Lopes, assassinado em 2002, quando realizava o seu trabalho num morro do Rio de Janeiro. Que #Monark e fãs do seu pseudo trabalho parem de brincar de fazer jornalismo. Deixe isto para os profissionais!

Luís Alberto Alves, jornalista há 35 anos, editor do blogue Cajuísticas.

 

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