As armas, de procedência estrangeira, não têm ligação com o Exército, que inclusive contribuiu com a operação por meio do serviço de inteligência
- Rio de Janeiro
Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) da Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmaram que pertence ao Exército Brasileiro o homem preso em flagrante, na manhã de ontem (18), transportando 19 fuzis e outros armamentos, além de grande quantidade de drogas. No momento da abordagem, ocorrida em Itatiaia (RJ), ele estava uniformizado. Levadas ao Rio de Janeiro, as armas foram apresentadas em coletiva de imprensa.
O militar é o segundo-sargento Renato Borges Maciel. Com ele, foram apreendidos 17 fuzis do modelo AR-15 e calibre 5.56, dois fuzis do modelo AK-47 e calibre 7.62, 41 pistolas importadas da marca Glock, 54 tabletes de pasta base de cocaína, grande quantidade de munição e diversos carregadores de fuzil e pistola. As armas, de procedência estrangeira, não têm ligação com o Exército, que inclusive contribuiu com a operação por meio do serviço de inteligência.
"No mercado negro, nós percebemos que o fuzil é negociado em torno de R$ 50 mil, podendo chegar até a R$ 70 mil. Essas pistolas são vendidas por um valor em torno de R$ 10 mil a R$ 15 mil. E um tablete desse tamanho de pasta base de cocaína custa, no mínimo, R$ 15 mil", disse Fabrício Oliveira, delegado titular da Desarme.
O militar já era suspeito de traficar armamento e vinha sendo investigado há algum tempo. Na ocasião da prisão, a PRF e a Polícia Civil monitoravam uma viagem que ele fazia desde Foz do Iguaçu (PR), município localizado próximo às fronteiras com o Paraguai e com a Argentina. Ele estava em um veículo próprio, com placas falsas e com adesivos que simulavam um carro oficial do Exército, e disse que o destino das armas era um ponto na cidade do Rio de Janeiro, mas não deu detalhes.
"Ao ser abordado, ele tentou ludibriar a fiscalização dizendo que estava prestando um serviço para um comandante. Mas a história não convenceu e nós já estávamos acompanhando o alvo", contou Rafael Alvim, superintendente substituto da PRF no Rio de Janeiro.
O militar é lotado no estado do Paraná. Essa foi a única informação prestada a seu respeito pela PRF e pela Polícia Civil. Para preservar as investigações, que correm em sigilo, não foi revelado seu nome e nem sua patente. Também não foi explicado se ele agia em parceria com outros criminosos.
No entanto, o Exército Brasileiro divulgou nota posteriormente informando se tratar do segundo-sargento Renato Borges Maciel e se colocando à disposição para apoiar as investigações. Segundo o texto, será instaurado um processo administrativo interno para a apuração de todos os fatos e responsabilidades. "O Exército Brasileiro não admite atos dessa natureza, que ferem os princípios e valores cultuados pela força terrestre", acrescenta a nota.
Segundo Alvim, foi uma das maiores apreensões da PRF, que deve gerar um prejuízo de aproximadamente R$ 2,5 milhões ao crime organizado. Ele disse ainda que a ação integra a Operação Égide. Planejada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, ela envolve um conjunto de ações desenvolvidas pela PRF para reforçar o combate ao tráfico de armas, drogas e produtos contrabandeados. De acordo com um balanço parcial divulgado na segunda-feira (16), mais de 10 mil pessoas foram presas em 250 dias da Operação Égide.
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