terça-feira, 21 de março de 2023

O fluxo da Cracolândia ameaça liquidar o comércio de SP

 

Essa é a dura realidade que diversos micro empresários enfrentam na região

      EBC

O crack ameaça transformar o centro de SP numa massa falida

Luís Alberto Alves/Hourpress

Imagine você abrir uma loja, seja para vender autopeças, eletrodomésticos, produtos eletrônicos, elétricos, roupas ou restaurante ou bar. Investir dinheiro acumulado de férias, 13º salário, venda de carro e o restante que estava na poupança para garantir o sustento de sua família. Depois de algum tempo o seu negócio começa a enfrentar dificuldade. Você não consegue mais pagar tributos, impostos, salários de funcionários, fornecedores, aluguel etc.

Essa é a dura realidade que diversos micro empresários enfrentam na região das ruas Santa Efigênia, Vitória, Aurora, General Osório, Conselheiro Nébias, Triunfo, Alameda Glete, Frederico Stendel, Duque de Caxias, Guaianazes, Gusmões e Rio Branco. Após a Polícia retirar os dependentes químicos da Cracolândia, concentrados na rua Dino Bueno, Largo Coração de Jesus e Alameda Nothmann se espalharam por ruas próximas.

A concentração de viciados em crack diante de lojas comerciais acendeu o estopim do fogo do inferno. Em grande número, na busca de dinheiro para comprar a droga assaltam consumidores, lojistas, empregados e motoristas que ousam passar por essa região. Há casos de aglomerações com mais de 200 pessoas impedindo a passagem de qualquer veículo.

Negócio

Não é mais novidade casos de arrastões nas esquinas das Avenidas Rio Branco com Duque de Caxias. O carro ou ônibus é cercado, quebram os vidros, assaltam motorista, passageiros e levam celulares, dinheiro e qualquer tipo de objeto de valor. A situação piora a cada dia. Restaurantes sem clientes, lojas que não conseguem mais vender mercadorias e dívidas se acumulando. O próximo passo é falência do negócio.

Diante deste terror, inexplicavelmente o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) apenas repetem chavões: “a polícia continua patrulhando a região, retirando de circulação traficantes. A prefeitura limpa as ruas, impedindo o acumulo de lixo, além de investir recursos por meio de profissionais de saúde que atendem os dependentes químicos”.

Chegou a hora de o governo estadual e municipal aplicar tratamento de choque. Não é mais possível tratar a questão da dependência química como algo comum. É preciso investir pesado na internação dessas pessoas em clínicas de recuperação, independente da vontade do viciado neste tipo de droga. Após a etapa de desintoxicação, o governo precisa abrir portas de emprego para quem conseguiu se livrar deste tormento.

Fumaça

Quanto aos traficantes, o serviço de inteligência da Polícia precisa acelerar o processo de identificar qual o trajeto utilizado para a droga chegar até essas regiões. Deve prender todos os envolvidos. Não apenas tomar medidas paliativas, como prender ladrões de celulares ou de relógios. Mas chegar aos tubarões. Aos magnatas do tráfico. Quem vende pedras de crack na Cracolândia são os lambaris. Quando presos, logo são substituídos. É o mesmo de tentar enxugar gelo ou ensacar fumaça.

Nesta empreitada é preciso envolver o ministério da Saúde em medidas eficazes, incluindo o trabalho de assistentes sociais e mapeamento de entidades sérias no tratamento da dependência química. O ministério do Trabalho deve estar presente para encaminhar essas pessoas ao mercado, após sair desta internação. O ministério das Cidades também pode colaborar por meio de política pública para que essas pessoas tenham moradias, pagando baixas prestações. Do contrário voltam às ruas e aos vícios.

É importante deixar de lado os discursos dos “Che Guevara” de apartamentos. Pessoas que criticam qualquer ação do governo para retirar os dependentes químicos das ruas. Alguns chegam até a defender a criação de lugares para consumo das drogas como meio de acabar com a Cracolândia. É o mesmo de passar pomada num tumor, em vez de retirá-lo do corpo. Caso não tenhamos nenhuma medida séria para resolver esse problema, logo o Centro de São Paulo será uma gigantesca Cracolândia com ruas cheias de lojas falidas. Qual é o melhor para a cidade?

Luís Alberto Alves, jornalista, editor do blogue Cajuísticas.

Projeto prevê distribuição gratuita de medicamento à base de canabidiol no SUS

 Também poderão ser distribuídos remédios que associam o canabidiol com outras substâncias canabinoides

  PF

Os medicamentos deverão ser prescritos por profissional legalmente habilitado para tratamento de saúde


Luís Alberto Alves/Hourpress/Agência Câmara

O Projeto de Lei 481/23 cria a política nacional de fornecimento gratuito de medicamentos formulados à base de canabidiol nas unidades de saúde públicas e privadas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Também poderão ser distribuídos remédios que associam o canabidiol com outras substâncias canabinoides, como o tetrahidrocanabino. Todos os medicamentos, nacionais ou importados, deverão ser elaborados em acordo as normas elaboradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deverão ser prescritos por profissional legalmente habilitado para tratamento de saúde, com o devido laudo com as razões de prescrição.

De acordo com a proposta em análise na Câmara dos Deputados, o paciente deverá comprovar que não possui condições financeiras de comprar os medicamentos nem de tê-los adquiridos por sua família ou responsáveis legais sem prejuízo do respectivo sustento.

A execução da política caberá ao órgão estadual do SUS. As despesas para a execução das ações correrão à conta das dotações orçamentárias disponibilizadas pela União ao SUS.

Exemplo paulista
Autor da proposta, o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) lembra que lei semelhante foi recentemente aprovada e sancionada no estado de São Paulo. “A evolução dos estudos sobre os benefícios do tratamento com derivados de canabinoides e a prescrição do medicamento estão em uma crescente correlata, justamente pela boa resposta dos pacientes, em especial no tratamento de dores crônicas ou doenças como câncer, Parkinson, Autismo e Alzheimer”, destaca Ayres.

O parlamentar lembra que a Anvisa, desde 2016, aprovou diversas normas para regulamentar o acesso a esses medicamentos e já aprovou 23 produtos com a substância.

“Contudo, embora já haja medicamentos à disposição dos pacientes, e tenha havido uma disseminação na classe médica sobre os benefícios da sua prescrição, inclusive levando o Conselho Federal de Medicina a rever posições conservadoras, os medicamentos, por terem a sua produção autorizada em regra apenas no exterior, têm elevado custo, tornando-se proibitivos para milhares e milhares de pacientes”, afirma Ayres.

Outras propostas
Em 2021, uma
comissão especial da Câmara aprovou, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 399/15, que legaliza no País o cultivo de Cannabis sativa para fins medicinais. Falta ainda a votação de um recurso para que esse texto seja submetido à apreciação dos deputados no Plenário.

No Senado, tramita proposta semelhante (PL 89/2023), apresentada pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

Tramitação
Já o PL 481/23 ainda será encaminhado às comissões permanentes da Casa.


Saiba mais sobre a vacina bivalente e quem pode tomar

 Nova etapa de imunização contra Covid-19 teve início em 27 de fevereiro e deve abranger cerca de 54 milhões de brasileiros

   EBC

Ela recebeu esse nome por ter sido atualizada para proteger não só da cepa original do vírus


Redação/Hourpress

A vacina bivalente da Pfizer contra a Covid-19 começou a ser aplicada em todo o Brasil no dia 27 de fevereiro. Ela recebeu esse nome por ter sido atualizada para proteger não só da cepa original do vírus, como as monovalentes, mas também as subvariantes da Ômicron, responsáveis pela maioria dos casos da doença nos últimos meses.

Quem estiver em um dos grupos prioritários, que totalizam cerca de 54 milhões de brasileiros, precisa ter recebido pelo menos duas doses da vacina monovalente para tomar a bivalente, além de ter tomado a última dose há mais de 4 meses.

O Ministério da Saúde dividiu os grupos prioritários em cinco fases. Na fase 1, iniciada no último dia 27, o público-alvo são pessoas acima dos 70 anos, pacientes imunossuprimidos a partir de 12 anos, pessoas vivendo em instituições de longa permanência e comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas.

Liberdade

A segunda fase foi iniciada em 6 de março com foco em pessoas com idade entre 60 e 69 anos. Na terceira fase, prevista para o dia 20 de março, entrarão as gestantes e puérperas, e a quarta etapa, que tem início em 17 de abril, será direcionada para os profissionais da saúde. Por fim, a quinta e última etapa, também prevista para 17 de abril, tem como foco pacientes com deficiência permanente a partir de 12 anos, pessoas privadas de liberdade e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.

Duas vacinas bivalentes da Pfizer receberam autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso emergencial. Os imunizantes são indicados como dose única de reforço para crianças e adultos, dois meses após a conclusão do esquema vacinal no Brasil. Para quem não faz parte do grupo de risco, as monovalentes são indicadas e consideradas altamente eficazes contra a Covid-19.

Por conta disso, a infectologista Rebecca Saad, coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim", ressalta que a imunização continua sendo a melhor medida de prevenção contra a Covid-19.

Cabeça

“As doses de reforço são importantes porque, sem elas, a proteção cai consideravelmente. Quanto maior for a barreira imunológica encontrada pelo vírus, mais dificilmente ele disseminará em uma população.”  

Conforme a médica, as reações mais comuns da bivalente são as mesmas da monovalente: febre, dor de cabeça, vômito, cansaço, inchaço no local da aplicação e dor no corpo. “Geralmente, são efeitos brandos, que costumam melhorar entre 24 horas e 48 horas após a aplicação da vacina.”

Dra. Rebecca destaca ainda a importância de a população se atentar aos sintomas da doença, fazer o teste para confirmar uma possível infecção e seguir o acompanhamento adequado da doença. Como a Covid-19 pode ser confundida com um resfriado comum ou uma gripe, ainda há dúvidas sobre como distinguir a doença e quando procurar ou não atendimento médico. 

Casos

Segundo a especialista, os principais sintomas da Covid-19 são febre, tosse e dificuldade para respirar. Ela ressalta, no entanto, que a população deve estar atenta a outras manifestações do corpo, como coriza, dor de garganta, congestão nasal, dor de cabeça, produção de catarro, dores no corpo, vômitos e diarreia.

O diagnóstico se dá por meio de um teste específico para a Covid-19, disponível nas redes pública e privada, além de farmácias e laboratórios. Dra. Rebecca defende que a testagem de pacientes com sintomas respiratórios deve ser feita em todos os casos.

"Sempre estimulamos a confirmação por exame laboratorial, mesmo para pacientes com sintomas leves e sem fatores de risco. Com o aumento no número de casos leves, as pessoas com risco de desenvolver um quadro grave ficam mais expostas”, explica.

De acordo com Dra. Rebecca, o paciente consegue ter um melhor tratamento quando diagnosticado corretamente, diminuindo as chances de evolução da doença para quadros mais graves. Para os casos confirmados, ela ressalta a importância do uso de máscaras e do isolamento social por ao menos dez dias.

Entenda o que é Transtorno Bipolar

 Você sabe identificar uma alguém bipolar? Especialistas em saúde mental explicam os sintomas da psicopatologia que afeta mais de 140 milhões de pessoas no mundo

    Divulgação

É marcado por mudanças de humor muito mais graves, duradouras e nocivas


Redação/Hourpress

Como explicar que o sentimento de ser a pessoa mais poderosa do planeta e a sensação de vazio que poderia te deixar por dias no quarto são duas faces do mesmo problema? A vida de pacientes com transtorno bipolar - sobretudo antes do diagnóstico - é marcada por oscilações de humor extremas que, muitas vezes, colocam em risco a própria vida. Os psicólogos André Dória e Josefa Ferreira, especialistas do Programa de Tratamento do Transtorno Bipolar da Holiste Psiquiatria, alertam para os sintomas e tratamentos.

Muitas pessoas podem até dizer, inadvertidamente, que são "bipolares" por mudarem de opinião constantemente. No entanto, o transtorno que afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo inteiro, segundo a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), é marcado por mudanças de humor muito mais graves, duradouras e nocivas, como explica o Coordenador do Programa de Tratamento do Transtorno Bipolar da Holiste, de um lado a Depressão Bipolar e do outro a Mania.

"A depressão bipolar é um dos mais desafiadores quadros da psicopatologia, devido à intensidade e duração dos sintomas, sobretudo quando ocorre após um episódio de mania. Se na mania a pessoa é tomada por sentimentos de grandeza e poder, quando estes se desfazem é comum o surgimento de uma fase de esvaziamento e ruína, que costuma não responder facilmente ao tratamento", detalha Dória.

Já nos episódios de euforia, Josefa Ferreira aponta que a apatia é substituída por uma elevação no humor que, apesar do que possa parecer para quem não conhece os sintomas da bipolaridade, é igualmente perigosa e gera muito sofrimento para o paciente. Nessas situações, a pessoa pode apresentar sentimentos de grandeza, comportamento sexual de risco, abuso de substâncias químicas, gastos compulsivos, entre outras atitudes semelhantes.

"Em um momento de crise maníaca, o comportamento extravagante do paciente torna o diagnóstico mais fácil, o que não diminui a gravidade do quadro. É necessária a intervenção de uma equipe especializada, com o intuito de preservar a vida do paciente e de terceiros, bem como prejuízos ao patrimônio familiar e à imagem do paciente", complementa a psicóloga.

Março: mês de atenção ao transtorno bipolar

Em homenagem ao pintor Vincent Van Gogh - que possivelmente sofria do transtorno - março é reconhecido internacionalmente como o mês de atenção ao transtorno bipolar. A data acende um alerta sobre a importância do tratamento para a qualidade de vida dos pacientes, que se beneficiam muito de uma estratégia que alia medicamentos e acompanhamento terapêutico, uma vez que cada paciente apresenta um processo de adoecimento singular, como explica o psicólogo.

 "A ideação maníaca, muitas vezes, é a saída que a pessoa encontra para a resolução de seus conflitos internos. Diante da impossibilidade de resolvê-los, a saída subjetiva pode ser se transformar num super-homem ou super mulher. Quando essa solução fracassa, sobra um intenso sentimento de impotência. Por isso, a medicação ajuda a controlar os sintomas, ao mesmo tempo em que a escuta e a intervenção de uma equipe multidisciplinar trabalham o que a medicação não alcança: o que há de singular em cada caso", explica o especialista no tratamento do transtorno bipolar.

Quando o assunto é saúde mental, a informação é o primeiro passo do tratamento. Para saber mais sobre o tema, acesse: https://holiste.com.br/

Sobre a Holiste   

Holiste é uma clínica de excelência em saúde mental, criada há 20 anos pelo médico psiquiatra, Dr. Luiz Fernando Pedroso, sediada em Salvador, Bahia, com atendimento nacional. Na sede principal, localizada em Salvador, funcionam os serviços ambulatorial e de internamento psiquiátrico. A estrutura da clínica conta, ainda, com o Hospital Dia (destinado à ressocialização do paciente) e com a Residência Terapêutica (moradia assistida para pacientes crônicos), dispondo sempre de estrutura e tecnologia de ponta.

A instituição conta com mais de 200 profissionais, um corpo clínico composto por médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionista, gastrônoma, dentre outros. Para conhecer mais sobre os serviços da Holiste, acesse o site www.holiste.com.br.

Projeto proíbe cirurgia de mudança de sexo em menores de 21 anos

 Hoje, norma do Conselho Federal de Medicina autoriza a cirurgia em maiores de 18 anos

  Pixabay



Luís Alberto Alves/Hourpress/Agência Câmara

O Projeto de Lei 204/23 veda cirurgias de mudança de sexo para menores de 21 anos e terapias hormonais para menores de 18 anos. Hoje, o tema é regulado por norma do Conselho Federal de Medicina (CFM), que autoriza a cirurgia em maiores de 18 anos e o procedimento hormonal em maiores de 16 anos.

Em análise na Câmara dos Deputados, o texto é de autoria do deputado Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF). Ele observou que a medida torna mais rigorosos os critérios de um procedimento que tem “efeitos agressivos” no corpo, entre eles a depressão.

“As pessoas transgênero frequentemente sofrem de depressão, com uma taxa de tentativas de suicídio bastante superior à da população em geral. A cirurgia de redesignação sexual, quando realizada, não garante a melhora no sofrimento psíquico, podendo até mesmo piorá-lo”, afirma o parlamentar.

O projeto também veda a realização de procedimentos hormonais e cirúrgicos em pessoas com transtornos mentais, o que também já está previsto na norma do CFM.

Tramitação
O PL 204/23 ainda será despachado para análise das comissões da Câmara.


Mulheres no mercado de trabalho: momento é de ações práticas

 Agora é preciso dar um passo adiante nas ações

   Divulgação

A diversidade não pode ser tratada apenas como um objetivo


Jeise Moreira *

A ampliação da participação feminina no mercado de trabalho é um assunto cada vez mais presente dentro das empresas e na sociedade como um todo. Em particular, em setores como mineração e siderurgia, ambientes ainda predominantemente masculinos, há um grande movimento para alcançar um equilíbrio entre os gêneros em todos os tipos de funções, com metas e tratados globais em prol desse objetivo. Já são observados avanços ao longo dos últimos anos, porém de forma lenta. Isso porque a realidade no ambiente das organizações tem mostrado que promover a diversidade vai muito além de simplesmente reconhecer que as diferenças existem e trabalhar a cultura e a conscientização sobre esse aspecto. Agora é preciso dar um passo adiante nas ações: adaptar procedimentos e estruturas empresariais, de acordo com as demandas das colaboradoras, e garantir o desenvolvimento da mulher e seu empoderamento, aliados ao autoconhecimento e autocuidado, a fim de buscar o pleno potencial de cada pessoa.

Nesse sentido, pactos e compromissos definidos pelo segmento mineral brasileiro na Agenda ESG (Environmental, Social and Governance), por exemplo, têm caráter fundamental como norteadores das políticas corporativas, principalmente em uma atividade na qual a participação feminina se limita, em média, a 15% do total de trabalhadores. Eles apontam uma direção para essa transformação tão importante para todos, mas é necessário engajar e envolver as pessoas diariamente. A diversidade não pode ser tratada apenas como um objetivo a ser alcançado a curto ou longo prazo pelas empresas, mas como uma jornada para construir um ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo, acolhedor e respeitoso. Assim, as diferenças devem ser equalizadas, por meio de ações de desenvolvimento e formação, além da criação de um espaço que as acolha e as transforme em potencial. Isso requer que todos os envolvidos entendam o seu papel de agentes da mudança.

Por parte das organizações, chegou a hora de partir para a implementação de ações mais palpáveis em prol da equidade, para legitimar e consolidar, de fato, a cultura da diversidade e inclusão. Mas como ampliar o quadro de mulheres e, principalmente, retê-las? Avaliando a realidade do ambiente de trabalho – físico e cultural – e as adaptações necessárias para absorver essas profissionais, ouvindo as colaboradoras, desenvolvendo procedimentos de acolhimento das mães, ofertando mentorias e outros métodos de promoção do empoderamento e da saúde física, mental e emocional. Ou seja, no mínimo, “arrumando a casa” para receber as pessoas.

Processos

Na prática, algumas iniciativas começam a ser observadas na indústria, a fim de reduzir barreiras que, tradicionalmente, são enfrentadas pelas mulheres e, efetivamente, impedem a equidade de gênero. A revisão de processos de aumento salarial e promoção para mulheres que cumprem licença-maternidade, por exemplo, é um grande e importante passo. Essa pausa na carreira para a maternidade não deve desfavorecer nem invalidar entregas, competência e potencial demonstrados anteriormente. Outra situação é a construção de banheiros e vestiários femininos nas áreas fabris e de áreas reservadas para lactantes. Parece básico, mas ainda é uma dificuldade para as mulheres, quando são pioneiras em lugares antes ocupados apenas pelo gênero masculino.

Outro aspecto importante é garantir que as profissionais tenham oportunidades iguais para alcançarem visibilidade e liderança dentro das empresas, sem que isso seja justificado ou esteja apenas vinculado às metas internas. Para isso, além do apoio aos desafios da maternidade, valem as qualificações, treinamentos, processos de mentorias e coaching direcionados, a fim de contribuir para a evolução individual da colaboradora. Aqui, o empoderamento merece destaque. Cabe também a nós, mulheres, procurarmos formas de nos fortalecer e de nos posicionar para enfrentar os obstáculos que persistem, sendo protagonistas da nossa própria carreira e das mudanças que queremos ver. Então, o autocuidado e o autoconhecimento são peças-chave e podem ser aprimorados com apoio institucional.

Portanto, traçando um percurso em conjunto, empresas e profissionais, dentro e fora das organizações, é possível acelerar o processo de diversidade de gêneros no mundo corporativo e promover um tratamento justo entre homens e mulheres, diante de suas diferenças e necessidades. Não é um caminho fácil. É fundamental que todos entendam que diversidade e inclusão são conceitos diferentes, mas que andam juntos e de mãos dadas com a equidade. E o Mês da Mulher nos convida a essas reflexões e a agir em prol de um futuro melhor, lembrando que não é uma jornada exclusiva das mulheres. Se não tivermos todos nesse movimento, genuinamente, a mudança se arrastará por mais décadas e décadas. Então, aproveite para pensar: o que você tem feito, dentro da organização e de suas atribuições, para avançar no processo de inclusão? E, você, mulher, tem se sentido parte dessa transformação?

 Jeise Moreira é diretora de Pessoas & Cultura, Saúde e Comunicação da RHI Magnesita

domingo, 12 de março de 2023

Projeto para primeiro teatro em Heliópolis já arrecadou quase 20% da meta

 Empresas como B3, Sabesp e Itaú já confirmaram aporte para a construção do empreendimento do Instituto Baccarelli

   EBC

Em breve, a favela de Heliópolis, Zona Sul de SP, vai ganhar um teatro


Redação/Hourpress

Em um encontro com empresários, autoridades políticas e membros da sociedade civil realizado na manhã desta quinta-feira (09/03) na sede da B3, em São Paulo, o Instituto Baccarelli deu o passo inicial para a construção do Teatro Baccarelli, o primeiro da favela de Heliópolis. O encontro marcou o lançamento do projeto de captação de recursos, aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura. Com aportes confirmadas do Itaú, Sabesp e da própria B3, o Instituto já se aproxima de alcançar 20% do financiamento total, estimado em R$ 37,4 milhões. O percentual já é o suficiente para garantir o início das obras na maior favela da cidade.

“Este não será um teatro comum, além do impacto positivo para a favela, teremos nas mãos um modelo a ser replicado para outras comunidades do Brasil”, destacou a ministra da Cultura, Margareth Menezes. “O Ministério está reformulando e criando novas ferramentas para destravar o setor cultural, que é um vetor econômico importante para o País”, completou a ministra exaltando a missão de transformação social empreendida pelo Instituto Baccarelli em Heliópolis através da arte e da educação.

O diretor executivo do Instituto Baccarelli, Edilson Ventureli, falou do teatro como um futuro polo cultural para toda população de São Paulo, mas também como um espaço de transformação humana para a comunidade de Heliópolis, ajudando a combater a violência doméstica e a evasão escolar na comunidade. Ventureli enfatizou que o projeto formará não apenas novos artistas para Heliópolis, mas profissionais multidisciplinares para atender os mais de 150 eventos culturais realizados todos os dias na cidade.

“Este será um teatro para os alunos do Instituto, para a comunidade de Heliópolis e para todos os grupos artísticos da cidade”, garantiu Ventureli. “Queremos levar cultura de alto nível para dentro da favela e ter um palco digno onde até orquestras internacionais possam se apresentar”, projetou o diretor do Instituto que hoje beneficia quase anualmente 1,2 mil alunos em situação de vulnerabilidade por meio de programas de ensino de excelência em música. Com 26 anos de trajetória, o Baccarelli também opera 12 CEUS na cidade de São Paulo em contrato firmado com a Secretaria Municipal de Educação. “Acreditem e colaborem para que este teatro possa cumprir sua principal missão: transformar vidas”, finalizou Ventureli com um pedido aos presentes.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, lembrou da infância no Parque Santo Antônio, na zona Sul da cidade de São Paulo, ao destacar que sobra talento e habilidade para as crianças da periferia, mas que a falta de oportunidades acaba interrompendo alguns sonhos.  “É muito emocionante principalmente para quem veio da periferia ver as coisas acontecendo e as oportunidades que estão sendo colocadas para a comunidade”, disse Nunes. “Será um golaço para São Paulo”, concluiu.

O secretário de Projetos Estratégicos do Governo de São Paulo, Guilherme Afif, se declarou um grande e antigo entusiasta do trabalho do Instituto Baccarelli em Heliópolis: “Nós aqui fazemos cultura com educação”. Como representante do governador Tarcísio de Freitas, Afif reiterou o carinho e compromisso do chefe do executivo estadual pelo projeto. “O Tarcísio esteve no Instituto e se emocionou, durante a campanha sempre citava o que viu em Heliópolis como um exemplo”, destacou.

O evento de lançamento teve ainda a participação do arquiteto responsável pelo projeto de construção do teatro, Frank Siciliano. Ele revelou vídeos simulando como ficará o espaço com capacidade para 530 lugares e mostrou como funcionará a plateia elevada atrás do palco, por onde os alunos terão a oportunidade de acompanhar os ensaios e concertos de outro ângulo. “O teatro foi pensado como um instrumento didático de música erudita e será construído com todas as especificações técnica para apresentação e ensino”, projetou o arquiteto.

O Teatro Baccarelli será totalmente equipado para receber diversos tipos de espetáculos. Entre os recursos previstos estão uma central de audiovisual que tornará o teatro 100% autônomo para gravações e transmissões ao vivo, e um fosso móvel para encenação de óperas e balés, além de equipamentos técnicos completos, espaço de acervo e uma biblioteca.

 

Sobre o Instituto Baccarelli

O Instituto Baccarelli é uma das organizações sem fins lucrativos mais respeitadas no Brasil por proporcionar ensino de excelência combinando três eixos de grande importância: social, educacional e cultural. É responsável por formar a primeira orquestra sinfônica do mundo em uma favela, a Orquestra Sinfônica Heliópolis, que conta com o maestro Isaac Karabtchevsky como diretor artístico e regente titular, quebrando diversas barreiras e incentivando o surgimento de outros projetos similares no País. 

Sua sede está instalada na comunidade de Heliópolis, São Paulo, onde opera como agente de transformação social há 26 anos, mostrando um futuro com mais perspectivas a centenas de crianças e jovens. Ali, beneficia anualmente 1.200 alunos em situação de vulnerabilidade por meio de programas de ensino de excelência que se dividem em: Musicalização Infantil, Canto Coral, Aulas de Instrumentos e Prática Orquestral, com reais oportunidades de profissionalização na música para aqueles que desejam construir uma carreira.

Cejam desenvolve práticas que protegem e fortalecem vínculo entre mãe e bebê

 Modelo Maternidade Segura e Humanizada é aplicado em todas as unidades geridas pela organização

O projeto, aplicado a todas as maternidades geridas pelo Cejam



Redação/Hourpress

Tendo a humanização como um de seus principais pilares em busca da excelência na assistência à saúde da população, o Cejam - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” dedica atenção especial ao atendimento da gestante, considerando todos os riscos e especificidades desse público.

No mês em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher (8 de março), a organização reforça o seu compromisso com a saúde feminina e destaca o modelo Maternidade Segura e Humanizada – um conjunto de práticas voltadas para o fortalecimento do vínculo e proteção tanto da mãe como do bebê.

O projeto, aplicado a todas as maternidades geridas pelo Cejam, aposta em melhorias a fim de minimizar a morbimortalidade materna e perinatal. Um exemplo desse trabalho é o programa Parto Seguro, presente em oito hospitais da rede municipal paulistana através de uma parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo que teve início em 3 de outubro de 2011. A iniciativa visa qualificar e humanizar o atendimento e é reconhecido em todo o país por sua assistência acolhedora.

Parto

As práticas do modelo Maternidade Segura e Humanizada estão pautadas na saúde da mãe e da criança, atuando desde o final do pré-natal, com a busca ativa obstétrica (ação telefônica para criação do vínculo com a maternidade) e o acompanhamento da vitalidade fetal, com assistência ao parto, nascimento e cuidados durante toda a internação até a alta hospitalar com o bebê.

Conforme a coordenadora geral do Parto Seguro, Dra. Anatália Basile, o programa prevê que cada maternidade conte com uma equipe multiprofissional dentro das unidades intensivas neonatais e alojamentos conjuntos. “Essa é mais uma qualificação de assistência ao parto e nascimento. Com essa inclusão, podemos agora prestar assistência multiprofissional à puérpera da admissão até a alta”, afirmou.

Além disso, foram contratados anestesistas para analgesia de parto, para as mulheres que desejarem. Trata-se do método de aliviar a dor por meio de medicamentos, reforçando os procedimentos e as boas práticas para o momento.

Protocolos

As práticas humanizadas carregam o DNA do Cejam, que tem como missão ser um instrumento transformador da vida das pessoas. “A empatia e acolhimento passados às puérperas e acompanhantes durante todos os processos da gestação, parto e pós-parto são o nosso maior trunfo para corresponder às expectativas da mulher”, destacou Dra. Anatália.

A coordenadora do programa reitera que o parto e o nascimento acontecem de forma segura e respeitosa, baseados nos protocolos assistenciais e com o apoio de uma equipe multiprofissional altamente qualificada.

“Nós incentivamos que a mulher se torne protagonista de seu parto. Realizamos práticas como massagens, banhos terapêuticos, exercícios de respiração e musicoterapia. Todo o trabalho é realizado com a presença de um acompanhante de escolha da mamãe, que permanece o tempo inteiro ao seu lado. São questões simples, mas que tornam esse momento tão importante e inesquecível para ambos”, explicou.

Paciente

À frente do programa desde o início, ela destaca que, apesar da grande responsabilidade, a sensação diária é satisfatória, de missão e dever cumpridos. E ainda compartilha uma das inúmeras histórias que já presenciou ao longo destes mais de 10 anos.

“Um parto muito marcante foi o de um casal no qual o esposo da parturiente era cego. Nossa equipe, com muita delicadeza, garantiu que a experiência do nascimento de seu filho fosse toda narrada e descrita pela mãe da paciente. Um atendimento com equidade que promoveu uma nova experiência a todos os envolvidos.”

A coordenadora ressalta ainda as principais linhas de frente do modelo, como posições de parto respeitando a escolha da mulher; iniciativa Hospital Amigo da Criança, que contribui para o sucesso no aleitamento materno; e estudo de casos com foco na proposta de melhoria e segurança contínua na assistência.

Números

O Programa Parto Seguro vem trabalhando a diminuição da taxa de mortalidade neonatal precoce, de 5,65 óbitos por mil nascidos vivos em 2015 para 4,54 em 2022, uma redução de 20%.

Além disso, também auxilia na redução de gestações não-planejadas, por meio da inserção do DIU pós-parto. Desde 2018, foram colocados mais de 11 mil dispositivos intrauterinos nas maternidades municipais com Parto Seguro.

Com o modelo de Assistência Humanizada ao Parto e Nascimento, foi fortalecido e ampliado o número de partos normais no município de São Paulo. Em 2022, foram realizados mais de 24 mil partos, sendo 14.949 deles normais. O número corresponde a quase 63% dos nascimentos, acima da média brasileira, que, até 2018, era de 44% de parto normal nos hospitais acreditados pelo CQH (Compromisso com a Qualidade Hospitalar) e segundo o SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos).

Por meio dos apoiadores (técnicos e auxiliares de enfermagem) do programa REMAMI (Rede Municipal de Atenção Materno Infantil) e da SMS-SP (Secretaria Municipal de Saúde) de São Paulo, inseridos em 31 hospitais e duas casas de parto, em 2022, houve um aumento de 36% no agendamento da primeira consulta da puérpera e aumento de 40% no agendamento das consultas dos recém-nascidos, assegurando 95% dos retornos pós-parto nas unidades de saúde, em relação ao ano de 2020.

Confira a lista de unidades que contam com o Programa Parto Seguro:

Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha
Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa
Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mario Degni
Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Corrêa Netto
Hospital Municipal Prof. Dr. Waldomiro de Paula
Hospital Municipal Tide Setúbal
Hospital Maternidade Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva
Hospital do Servidor Público Municipal

Sobre o Cejam   

O Cejam - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com prefeituras locais, nas regiões onde atua, ou com o Governo do Estado, no gerenciamento de serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Itu, Osasco, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos, Peruíbe e Itapevi.

Com a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde, o Cejam é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.

quarta-feira, 8 de março de 2023

As mulheres serão sempre guerreiras!

Quando falo de #mulheres, lembro de duas em especial



Luís Alberto Alves/Hourpress

Mulher é guerreira por natureza. Exemplo disto ocorre na gravidez, quando carregam no ventre, durante sete ou nove meses, o tão esperado filho ou filha. Enfrentam dores nos pés, nas pernas, nas costas; sofrem enjoos, ânsia de vômito. Após o nascimento, acordam de 3h em 3h para amamentar e também para trocar fraldas, dar banho no bebê.

Dentro de casa, sabe com precisão onde estão os talheres, pratos, panelas, roupa de cama, de banho e do restante da #família. No supermercado tem o domínio da #economia na mente: rapidamente comparam os preços e conseguem encher o carrinho sem estourar o orçamento. Têm habilidade para realizar diversas tarefas ao mesmo tempo: lavam roupas, preparam #almoço, limpam a casa e ainda encontram espaço para conversar com alguma amiga.

Na época do #desemprego, muitas delas assumem o leme da casa ao ver o marido perder o trabalho por causa da idade ou ganância da empresa. Percebem quando o seu #amado está down. Encontra palavra de ânimo e retira energia para manter o barco navegando. Não aceita a derrota. Luta pela #família em tempo integral, principalmente pelos #filhos. Os defendem iguais as leoas.

Burguesia

Fico #triste quando me deparo com os covardes que as agridem e outros que até as #matam, por motivo fúteis. Aliás, ninguém deve se morto por motivo algum. Pessoas ignorantes, despreparadas para a #vida. Não reconhecem o valor da joia rara que tem dentro de casa. Caso o relacionamento não tenha mais a chama do primeiro #amor, joga a toalha e saia de cena sem provocar qualquer tipo de dano. Siga o seu caminho.

Quando falo de #mulheres, lembro de duas em especial: minha #mãe e minha #esposa. Ambas de baixa estatura, porém com grande força para lutar e defender as trincheiras do #lar. A primeira me educou no bom caminho. Quando saia fora da rota, o chinelo e a cinta faziam lembrar que o errado nunca será certo. Batalhou muito limpando banheiro e cozinhando para #burguesia paulistana. No dia da minha formatura, chorou igual criança ao ver pegar o sonhado diploma de Comunicação social, com opção em #Jornalismo.

Já a minha #esposa sempre esteve ao meu lado. Na hora boa e na hora amarga, principalmente na época do #desemprego. Velozmente sabia quando a #depressão pretendia me abraçar e entrava rapidamente em cena. Batalhadora e compreensiva sempre sabia entender como atravessar esse mar bravio. Elas são as duas #mulheres que nunca me esqueço. Exemplo de como lutar, sem nunca baixar a guarda. Na figura delas, deixo o meu parabéns a todas as #mulheres.

Luís Alberto Alves, jornalista, editor do blogue Cajuísticas.

 

 

segunda-feira, 6 de março de 2023

Jornalismo perde o talento de Brás Pereira

 

Brás Pereira, o Ayrton Senna da diagramação 

Luís Alberto Alves/Hourpress

Um dos sucessos do sambista Geraldo Filme, grande parceiro de luta do teatrológo Plínio Marcos, dizia : "silèncio/o sambista está dormindo/ele foi mas foi sorrindo/a notícia chegou quando anoiteceu/escolas/eu peço o silêncio de um minuto/o Bixiga tá de luto/o apito de Pato N´agua emudeceu/partiu/não tem placa de bronze não fica na história/ sambista de rua morre sem glória/depois de tanta alegria que ele nos deu..." 

Essa máxima eu aplico à morte do amigo e colega de profissão, José André dos Santos, conhecido entre a categoria como Brás Pereira, um Ayrton Senna na arte de diagramar páginas em revistas e jornais desde o final da década de 1960, quando resolveu colocar num computador os 70 toques de uma lauda para ajudar na diagramação de forma eletrônica. 

Alegre, sempre de alto astral. Ninguém triste conseguia ficar ao seu lado. Deixava qualquer ambiente de trabalho sem cara feia. Comunicativo, fazia amizade facilmente. Não conheci nenhuma pessoa que fosse o seu inimigo. Após os famosos fechamentos, da época do linotipo ainda na década de 1970, antes da impressão a frio, andava tranquilamente pelo centro da cidade.

Metrô News

Quando chegava ao Imirim, bairro da Zona Norte que serviu de residência para os Novos Baianos quando desembarcaram em São Paulo no inicio dos anos de 1970, tudo corria normalmente. A malandragem o conhecia e tinha cartão verde para seguir até a sua casa, na Rua Carolina Roque, onde residiu mais de 50 anos. Brilhou intensamente na diagramação. Participou da primeira equipe do então Metrô News, que saiu do forno no dia em que começaram a circular os trens da linha azul do Metrô de São Paulo, em 1974. 

Fã de Carnaval, todos os dirigentes das escolas de samba de São Paulo e Rio de Janeiro o conheciam. Sabia como poucos entender a linguagem da arte dos desfiles. De quem tinha samba no pé. Não era estrangeiro no pedaço. Discernia beleza pura daquela fabricada nos salões de beleza e esculpida nas academias. Aliás, as meninas da fogosa Nestor Pestana, ao lado da Praça Roosevelt, pediam sempre opinião de como aparecer, sem forçar a barra.

Os políticos, como sempre, gostavam de pegar carona na simplicidade e carisma de Brás Pereira. Sabiam que uma foto ao seu lado servia de excelente combustível na periferia, principalmente na Zona Norte. Nos últimos 29 anos criou o jornal Fim de Noite depois emplacou o São Paulo de Fato. Como grande guerrilheiro, colocava alguns exemplares numa bolsa e entregava nas mãos de quem decidia, principalmente prefeito e governador, deputados, vereadores.

Amigos

Nesta caminhada obtinha furos, ouvia conversa que se transformava em matérias e até em reivindicações que eram resolvidas. Entrava em qualquer gabinete. Todos o conheciam. O mesmo acontecia nas redações, onde tinha muitos amigos, alguns já em final de carreira. Enfim, um profissional de primeira linha. O coração era gigantesco. Quando alguém não estava bem nas finanças, o acolhia em sua casa, até a maré ficar baixa. 

Não tinha pique para deixar na amargura alguém que estava precisando de ajuda.  Brás Pereira conquistou inúmeros amigos na longa caminhada que chegou ao fim às 14h23 deste domingo (5) num dos leitos do hospital de Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte de Sampa. Mesmo com a imunidade proporcionada pelas três doses de vacina contra a Covid-19, ele não resistiu à doença e partiu, como nos versos do samba de Geraldo Filme, sem placa de bronze ou qualquer auê nas emissoras de televisão, onde Brás Pereira tinha tantos amigos. Vá em paz meu grande amigo. Tive o prazer de ser o seu amigo, nas horas boas e ruins. 

Silêncio no Bixiga

https://www.youtube.com/watch?v=viMGPcV7zhU

Luís Alberto Alves, jornalista, editor do blogue Cajuísticas.