quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

A crise das Americanas pode terminar igual a do Mappin?

   A situação das Americanas é parecida com a do Mappin, primeira loja de departamentos fundada em 1913

  Troad


Luís Alberto Alves/Hourpress

Se os donos das Americanas olhassem para o túmulo onde está sepultada as lojas Mappin, prestariam atenção ao que está escrito na lápide: “Você será amanhã, o que sou hoje”. Quando o executivo Sergio Rial pulou do barco da presidência das Americanas no dia 11 de janeiro, ao descobrir um rombo de R$ 20 bilhões relacionados a dívidas com fornecedores, sentiu algo de podre na contabilidade da empresa.

Ao voltar no tempo, em 1999, a situação das Americanas é parecida com a do Mappin, primeira loja de departamentos fundada em 1913, por dois britânicos, inovadora no mercado de varejo, inclusive lançando a jornada de 8 horas de trabalho por volta de 1917. Porém fraudes e endividamento gigantesco acenderam o estopim de sua falência.

Mappin

O problema do Mappin começou quando a acionista majoritária, Cosette Alves, em 1996, caiu na lábia do golpista Ricardo Mansur, que lhe fez proposta estimada entre US$ 20 milhões e US$ 25 milhões (algo em torno de R$ 100 e R$ 125 milhões em valores de hoje) para  adquirir a empresa. Três anos depois, Mansur quebrou o Mappin e a Mesbla e devia no mercado US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 9,4 bilhões em valores de hoje).

Ele deu calote em funcionários, investidores, Receita Federal e governos estaduais. Em 2011, a Justiça condenou Mansur em dois processos criminais a pena de 11 anos e meio de prisão por gestão fraudulenta. Um dos donos das Americanas é o bilionário Jorge Paulo Lemann, 82 anos, atualmente o homem mais rico do Brasil, com fortuna avaliada em R$ 72 bilhões.  Até agora ele não se pronunciou para dizer como este problema será resolvido. Será que as Americanas vai repetir a tragédia do Mappin?

Luís Alberto Alves, jornalista, editor do blogue Cajuísticas

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