Só ingênuos para acreditar que o ditador Vladimir Putin não deseja ressuscitar o império soviético
Ministério Relações Exteriores Ucrânia
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Bomba de 500 kg lançada em 3 de março sobre um prédio residencial na cidade de Chernihiv |
Luís
Alberto Alves/Hourpress
O ditador
Vladimir Putin trata a Ucrânia, não como nação independente, mas como se fosse extensão
da Rússia, sem nenhum direito de decisão. Ele deixou bem claro isto ao propor
mudança na Constituição daquele país, garantindo que nunca vá entrar na Otan
(Organização do Tratado do Atlântico Norte), União Europeia ou outro tipo de
bloco.
Que a
Ucrânia reconheça a Crimeia (invadida pelos russos em 2014) como um território russo,
além de fazer o mesmo em relação às repúblicas separatistas da região de
Donbass (Donetsk e Lugansk). E suas forças armadas se rendam.
Destaco
que a Ucrânia tinha o terceiro maior arsenal nuclear do mundo na década de
1990, quando fazia parte da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Ao proclamar a sua independência em 1991, assinou o Memorando de Budapeste,
assegurando a devolução das ogivas nucleares à Rússia, que manteria e
controlaria as armas nucleares soviéticas.
Mar Negro
Nesta
engenharia política trabalharam Estados Unidos, Rússia e Reino Unido para
desnuclearizar a Ucrânia. Ela era parte estratégica da então URSS e segunda
mais populosa de suas repúblicas. Além de concentrar grande parte da produção
agrícola, industrial e dos aparatos militares da região, incluindo a Frota do
Mar Negro e parte do arsenal soviético.
O governo
ucraniano abriu mão de suas ogivas nucleares com garantias de que o país nunca
seria atacado e suas fronteiras seriam respeitadas. Foi este acordo que o
presidente Volodymir Zelensky tentou invocar para evitar uma invasão russa, que
acabou ocorrendo em 24 de fevereiro.
O
Memorando de Budapeste marcou a adesão da Ucrânia ao Tratado de
Não-proliferação de Armas Nucleares. Ao assinar este documento com a Ucrânia, o
Reino Unido, Estados Unidos e a Rússia declararam suas obrigações de respeitar
a independência, a soberania e integridade territorial ucraniana. A França e a
China forneceram garantias semelhantes em cartas separadas, segundo a Ucrânia.
Mulher
Este tipo
de comportamento é semelhante, descontadas proporções, ao marido violento que
vive agredindo a esposa, diante das imposições da Justiça de manter distância
de sua mulher, além de respeitar a sua integridade física e moral. Para evitar
mais complicações, ele aceita as condições estipuladas pela Justiça.
Porém na
prática não é isto que acontece. Continuam as ameaças, agressões e até o
desfecho trágico finalizando com o assassinato de sua esposa. São promessas que permanecem no papel. No
mundo da geopolítica ocorre o mesmo. Só ingênuos para acreditar que o ditador
Vladimir Putin não deseja ressuscitar o império soviético que durou de 1922 a
1991.
Como os
ucranianos foram enganados uma vez, provavelmente recusarão esta proposta
indecente. Caso abaixe as armas, todos morrerão fuzilados ou presos até o final
da vida. Neste caso, cabe às Forças Armadas ucranianas lutarem até fim, mesmo
que seja derrotadas, mas apostando na liberdade. Do contrário viverão como
escravos.
Luís
Alberto Alves, jornalista e editor do hourpressrario.com
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