terça-feira, 15 de abril de 2025

Saiba o que é depressão funcional, que te faz dormir e acordar cansado

Arquivo Hourpress


Radiografia da Notícia

* Tristeza, irritabilidade, dificuldade de concentração e exaustão

podem caracterizar sofrimento psíquico profundo,


*A depressão funcional descreve indivíduos que, apesar de manterem o

desempenho cotidiano, convivem com sintomas depressivos


*A depressão funcional se diferencia de quadros como o transtorno

depressivo maior principalmente pela intensidade dos sintomas


Redação/Hourpress


Acordar, bater metas no trabalho, dar conta das tarefas da casa,

manter os compromissos sociais em dia. Quem vê de fora, talvez nem

desconfie que aquela pessoa que “funciona normalmente” pode estar

lidando com sofrimento silencioso e profundo. A depressão funcional

descreve indivíduos que, apesar de manterem o desempenho cotidiano,

convivem com sintomas depressivos. Professor de Psicologia do Centro

Universitário de Brasília (CEUB), Carlos Manoel Rodrigues destaca que

o conceito amplia os diferentes modos de problemas de saúde mental.


A depressão funcional se diferencia de quadros como o transtorno

depressivo maior principalmente pela intensidade dos sintomas e pelo

impacto na rotina diária. “É fundamental lembrar que os sintomas

depressivos se manifestam de maneiras muito distintas entre as

pessoas”, ressalta, acrescentando que m esmo com a rotina mantida, os

sinais da depressão funcional estão dentro da pessoa.


Tristeza persistente, cansaço extremo, irritabilidade, falta de prazer

nas atividades, alterações no sono e no apetite, dificuldade de

concentração e um sentimento constante de vazio são alguns dos

sintomas mais comuns, conforme lista Carlos Manoel. “Muitas vezes,

quem está em sofrimento percebe que algo não está bem, mas tenta

ignorar ou minimizar os sinais. Já os que convivem com essa pessoa

podem não notar nada, porque ela continua ‘funcionando’”, alertou.


Clínico


Para o docente do Ceub, essa capacidade de manter as aparências é

justamente o que torna o quadro tão difícil de identificar, inclusive

por profissionais da saúde na hora de fechar um diagnóstico clínico.

“O funcionamento externo camufla o sofrimento interno. É preciso uma

escuta sensível, que vá além dos critérios técnicos e leve em conta a

subjetividade do paciente”, descreveu o professor.


Manter o desempenho no trabalho, nos estudos ou nas tarefas de casa

pode ser possível para quem sofre da doença, mas a um custo alto. O

psicólogo reforça que, ao longo do tempo, esse desgaste pode resultar

no agravamento do quadro, levando ao desenvolvimento de transtornos

ansiosos, burnout ou até colapsos emocionais. “A pessoa pode continuar

exercendo suas funções com excelência, mas às custas de um enorme

esforço interno. Isso não significa que ela esteja bem”, enfatizou.


Mas afinal, o que causa a depressão funcional? Apesar de não haver uma

única causa, segundo o docente, o desenvolvimento da depressão

funcional pode estar ligado a fatores genéticos, históricos,

comportamentais e ambientais. Situações como estresse prolongado,

excesso de responsabilidades e cobranças externas também são gatilhos

recorrentes, sobretudo quando a pessoa não conta com uma rede de apoio

ou tempo para descanso. “Traços de personalidade, experiências

adversas, pressão social e contextos profissionais desgastantes estão

entre os fatores envolvidos”, disse Carlos Manoel.


Cuidado


Para identificar os sinais do transtorno, o especialista observa que

mudanças sutis no comportamento ou na maneira de se expressar podem

ser um alerta para familiares e amigos. Ele destaca frases como “estou

cansado o tempo todo” ou “nada mais faz sentido”, bem como o

afastamento de atividades antes prazerosas, são indicativos de que

algo pode estar errado. “A forma como esses sinais se manifestam varia

conforme a personalidade, a idade, o gênero e o contexto de vida. Por

isso, é importante estar atento e aberto ao diálogo”, ressaltou.


Embora a “depressão funcional” não seja um diagnóstico formal, Carlos

Manual reforça que o tratamento segue os mesmos princípios de outros

quadros depressivos: psicoterapia, medicação (quando indicada) e

mudanças no estilo de vida. “O diferencial está em como o quadro é

compreendido e como a pessoa responde ao cuidado. O acompanhamento

deve respeitar a experiência individual”.


De acordo com o professor do CEUB, a psicoterapia oferece um espaço de

acolhimento e escuta, a medicação pode aliviar sintomas mais intensos,

além dos hábitos saudáveis, como sono adequado, prática de atividades

físicas e respeito aos próprios limites. Em paralelo, o professor

considera o apoio de familiares, amigos e colegas essencial: “As redes

de apoio são fundamentais para que a pessoa não se sinta sozinha.

Escutar sem julgar é um gesto simples que faz muita diferença”.


Rodrigues frisa que se houver sofrimento persistente, sensação de

sobrecarga emocional, perda de interesse por atividades ou dificuldade

para lidar com a rotina, não é preciso esperar que o quadro se torne

grave. “Buscar ajuda precocemente é um ato de cuidado e

responsabilidade consigo mesmo”, finalizou.


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