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Radiografia da notícia
* No Brasil, receita com a venda dessas drogas deve passar de US$ 500 milhões para US$ 2,2 bilhões até 2030
* Crescimento é impulsionado pelo aumento dos casos de infertilidade no país e no mundo
* Drogas podem ser usadas para tratar problemas de saúde relacionados à infertilidade e auxiliar em procedimentos de reprodução assistida
Redação/Hourpress
A infertilidade tem crescido atualmente. Hoje, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas é infértil. Esse cenário impulsiona a busca por tratamentos para a condição, como medicamentos, mercado no qual o Brasil se destaca: de acordo com dados da IVF Brazil, a venda de medicamentos para infertilidade no Brasil, que hoje movimenta US$ 500 milhões, deve chegar a US$ 2,2 bilhões até 2030, um aumento de 340%. Dessa forma, o país, em sete anos, deve representar 4,2% das vendas globais desse tipo de droga, contra 1,7% que representa hoje.
“Esse crescimento no mercado de medicamentos para infertilidade é impulsionado pelo aumento dos casos de infertilidade no Brasil, o que se deve a uma grande variedade de fatores, incluindo maus hábitos da vida moderna, o adiamento da gravidez pelas mulheres e questões ambientais”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. E esse aumento nas vendas dos medicamentos para a infertilidade é uma tendência mundial: se hoje essas drogas movimentam cerca de US$ 35,5 bilhões, em 2030 esse valor deve passar para US$ 50,1 bilhões, segundo as projeções da IVF Brazil.
Esses medicamentos possuem as mais diversas finalidades nos tratamentos para infertilidade e procedimentos de reprodução assistida, podendo ser usados para regular níveis hormonais, estimular ovulação, melhorar a produção e qualidade dos espermatozoides, aumentar as chances da FIV ou tratar condições médicas que atrapalhem o casal de ter um bebê. “Por exemplo, em um tratamento de reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro (FIV), os medicamentos hormonais podem ser usados para estimular o crescimento e recrutamento dos folículos existentes naquele ciclo menstrual no ovário.
Drogas
Com isso, há mais folículos crescendo e, consequentemente, um maior número de óvulos serão coletados. O controle dessa estimulação é realizado por meio de ultrassonografia e também por exames de sangue, que colaboram na identificação do momento correto de fazer a coleta dos óvulos”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Essas drogas também podem ser indicadas quando a mulher demonstra interesse no congelamento de óvulos. “Com os exames prontos, a mulher já pode receber os hormônios que irão estimular a ovulação. São hormônios idênticos aos naturais, incluindo o FSH (hormônio folículo estimulante), e que irão resgatar óvulos que iriam entrar em atrofia. Graças ao efeito, a mulher consegue oferecer vários óvulos após 10 a 12 dias de uso das medicações. Idealmente orientamos congelar 15 óvulos”, disse o Dr. Fernando.
Os medicamentos podem ter administração oral, tópica ou parenteral (injeções e infusão intravenosa). Um entrave, no entanto, para esse crescimento pode ser os efeitos colaterais e os riscos associados aos medicamentos para infertilidade. “Durante todo o processo de estímulo ovariano, a paciente pode sentir alguns efeitos colaterais comuns à utilização dos medicamentos hormonais, mas que vão variar caso a caso, podendo incluir, por exemplo, inchaço, enjoo, ganho de peso, cansaço e irritabilidade. Mas, para a tranquilidade das mulheres que se submeterão ao processo, a estimulação ovariana é bastante segura, desde que devidamente acompanhada por um médico especializado”, acrescentou o Dr. Rodrigo Rosa.
Infertilidade
Infertilidade refere-se ao fato de um casal não conseguir engravidar após um ano de relação sexual regular e desprotegida. A condição, que pode afetar tanto homens quanto mulheres, é causada por inúmeros fatores. “As causas mais comuns de infertilidade na mulher são falta de ovulação (geralmente por ovários policísticos), problemas nas tubas uterinas (por endometriose ou infecção), a própria endometriose e, principalmente, a idade. Já nos homens, a causa mais comum é a varicocele, que é a dilatação das veias da bolsa testicular, além de vasectomia, uso de hormônios anabolizantes e fatores genéticos que implicam na baixa produção de espermatozoides”, destacou o Dr Fernando.
Com relação ao aumento mundial dos casos de infertilidade, além das mulheres estarem adiando a maternidade, estudos já mostraram que a qualidade média do sêmen dos homens vem caindo nas últimas quatro décadas. “Também sabemos que há um impacto dos maus hábitos da vida moderna na fertilidade: tabagismo, consumo de álcool, má alimentação, sedentarismo e obesidade dificultam a concepção de um filho”, acrescenta o Dr Rodrigo Rosa. Entre os hábitos de vida, o tabagismo e a dieta inadequada, independente do peso, são os fatores que mais prejudicam a capacidade reprodutiva dos casais. E, nos últimos anos, a maior exposição à poluição do ar também tem gerado um impacto importante na fertilidade. “O excesso de exposição a produtos químicos provenientes da poluição e de agrotóxicos pode induzir a diversos tipos de danos no DNA, levando então a mutações que, por exemplo, inviabilizam o espermatozoide, contribuindo para a infertilidade masculina”, disse o Dr Rodrigo.
Impactos
Frente a tantas possibilidades, o melhor para quem está tentando engravidar por mais de um ano sem sucesso é buscar ajuda de um especialista em reprodução humana. O médico poderá realizar uma avaliação e diagnosticar a causa do problema para então recomendar o tratamento adequado, que pode ou não incluir o uso dos medicamentos para a fertilidade. “A incapacidade a longo prazo de conceber uma criança pode gerar uma grande agitação emocional para a maioria dos casais, causando ansiedade, depressão e sentimento de perda e isolamento. Mas a orientação especializada consegue minimizar esses impactos, dando espaço à esperança, com o tratamento, e à felicidade, com a concepção – quando ela é conquistada”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.