quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Brasil vai precisar aprender a tratar bem os idosos

 Jogam na lixeira os currículos enviados por essa parcela de trabalhadores

   EBC

São pessoas que durante décadas contribuíram para o progresso da Nação


Luís Alberto Alves/Hourpress

Em 2040, dados estatísticos apontam que o Brasil terá 69,3 milhões de idosos, ou seja, 1/3 da população, que atualmente é discriminada, principalmente pelos próprios familiares. Número tão grande que jamais poderá ser ignorado, empurrado para embaixo do tapete ou jogado nos asilos.

São pessoas que durante décadas contribuíram para o progresso da Nação, em diversos setores da economia. Homens e mulheres que atuaram como jornalistas, médicos, assistentes sociais, enfermeiros, metalúrgicos, bancários, comerciários, engenheiros, arquitetos, advogados, policiais, bombeiros, ambientalistas etc.

São pessoas, que hoje têm entre 25 e 30 anos, atualmente no auge da saúde física e intelectual. Muitos recém-saídos das faculdades, exercendo a profissão a todo vapor, semelhantes  a carros de tanques cheios no início do Grande Prêmio da Vida, acelerando fundo, sem qualquer receio das surpresas pregadas pelo destino.

Eterismo

Hoje, trabalhadores entre 40 e 60 anos são ignorados pelo mercado. Vários segmentos da economia os tratam como párias, semelhantes doentes contaminados com vírus de moléstias contagiosas. Os gerentes e diretores de Recursos Humanos (RH) jogam na lixeira os currículos enviados por essa parcela de trabalhadores que contribuíram muito para o atual estágio empresarial brasileiro.

São pessoas que nas montadoras de automóveis desenvolveram e participaram da fabricação de veículos elétricos, criaram dispositivos de segurança usados no mercado de habitação. Transformaram em prática a teoria de um programa financeiro, o PIX, que hoje é amplamente utilizado em transações financeiras. Engenheiros químicos habilidosos na criação de medicamentos para combater doenças, que 40 anos atrás matavam milhões ao redor do mundo.

Na indústria do entretenimento foram autores de peças de teatro, filmes, novelas, séries e minisséries de grande sucesso. Também estiveram dentro dos estúdios na produção de canções inesquecíveis. No esporte conseguiram quebrar recordes. No campo do Direito tiveram atuações dignas de figurar eternamente em livros que serão lidos pelas próximas gerações.

Futuro

Ao contrário dos idosos dos primeiros 22 anos do século 21, vistos como intrusos quando aos 50 anos se candidatam a qualquer vaga numa empresa ou mesmo dentro de casa, sofrem ofensas dos filhos e netos, ao insistirem no cultivo de suas memórias. Daqui 18 anos, este tipo de postura não terá condições de existir, por causa dos milhões de brasileiros nesta faixa etária.

Os governos sejam de direita, centro ou esquerda, terão obrigatoriamente de criar políticas públicas para atendê-los e muito bem. Ficarão para trás a proposta indecente de olhar para os idosos apenas para passeios em parques e bailes de nostalgia, como se a vida deles fosse resumida apenas a este tipo de atividade.

O mercado de trabalho vai precisar abandonar o orgulho e arrogância em relação a este Exército de milhões de brasileiros, atualmente jogado para escanteio. Os escritórios terão de dividir espaço com esses funcionários de cabelos grisalhos, tingidos pela longa experiência acumulada por 50, 60 ou até 70 anos. Empresários terão de aprender a mesclar jovens e idosos para que essa simbiose contribua para o progresso desta Nação.

Luís Alberto Alves, jornalista e editor do blogue Cajuísticas

 

 

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