Jogam na lixeira os currículos enviados por essa parcela de trabalhadores
EBC
São pessoas que durante décadas contribuíram para o progresso da Nação |
Luís Alberto Alves/Hourpress
Em 2040, dados estatísticos apontam
que o Brasil terá 69,3 milhões de idosos, ou seja, 1/3 da população, que
atualmente é discriminada, principalmente pelos próprios familiares. Número tão
grande que jamais poderá ser ignorado, empurrado para embaixo do tapete ou
jogado nos asilos.
São pessoas que durante décadas contribuíram
para o progresso da Nação, em diversos setores da economia. Homens e mulheres
que atuaram como jornalistas, médicos, assistentes sociais, enfermeiros,
metalúrgicos, bancários, comerciários, engenheiros, arquitetos, advogados,
policiais, bombeiros, ambientalistas etc.
São pessoas, que hoje têm entre 25
e 30 anos, atualmente no auge da saúde física e intelectual. Muitos
recém-saídos das faculdades, exercendo a profissão a todo vapor, semelhantes a carros de tanques cheios no início do Grande
Prêmio da Vida, acelerando fundo, sem qualquer receio das surpresas pregadas
pelo destino.
Eterismo
Hoje, trabalhadores entre 40 e 60
anos são ignorados pelo mercado. Vários segmentos da economia os tratam como
párias, semelhantes doentes contaminados com vírus de moléstias contagiosas. Os
gerentes e diretores de Recursos Humanos (RH) jogam na lixeira os currículos
enviados por essa parcela de trabalhadores que contribuíram muito para o atual
estágio empresarial brasileiro.
São pessoas que nas montadoras de
automóveis desenvolveram e participaram da fabricação de veículos elétricos,
criaram dispositivos de segurança usados no mercado de habitação. Transformaram
em prática a teoria de um programa financeiro, o PIX, que hoje é amplamente
utilizado em transações financeiras. Engenheiros químicos habilidosos na
criação de medicamentos para combater doenças, que 40 anos atrás matavam
milhões ao redor do mundo.
Na indústria do entretenimento
foram autores de peças de teatro, filmes, novelas, séries e minisséries de
grande sucesso. Também estiveram dentro dos estúdios na produção de canções
inesquecíveis. No esporte conseguiram quebrar recordes. No campo do Direito
tiveram atuações dignas de figurar eternamente em livros que serão lidos pelas
próximas gerações.
Futuro
Ao contrário dos idosos dos
primeiros 22 anos do século 21, vistos como intrusos quando aos 50 anos se candidatam
a qualquer vaga numa empresa ou mesmo dentro de casa, sofrem ofensas dos filhos
e netos, ao insistirem no cultivo de suas memórias. Daqui 18 anos, este tipo de
postura não terá condições de existir, por causa dos milhões de brasileiros
nesta faixa etária.
Os governos sejam de direita,
centro ou esquerda, terão obrigatoriamente de criar políticas públicas para atendê-los
e muito bem. Ficarão para trás a proposta indecente de olhar para os idosos
apenas para passeios em parques e bailes de nostalgia, como se a vida deles
fosse resumida apenas a este tipo de atividade.
O mercado de trabalho vai precisar
abandonar o orgulho e arrogância em relação a este Exército de milhões de
brasileiros, atualmente jogado para escanteio. Os escritórios terão de dividir
espaço com esses funcionários de cabelos grisalhos, tingidos pela longa
experiência acumulada por 50, 60 ou até 70 anos. Empresários terão de aprender
a mesclar jovens e idosos para que essa simbiose contribua para o progresso
desta Nação.
Luís Alberto Alves, jornalista e
editor do blogue Cajuísticas
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