Preste bem atenção, amigo leitor(a), que eu vou explicar quando um consumidor hiper, super endividado é um bom e não, mau pagador
*Emanuel Gonçalves da Silva
Preste bem atenção, amigo leitor (a), que eu vou explicar quando um consumidor hiper, super endividado é um bom e não, mau pagador.
Na minha trajetória como Consultor Especialista em Negociação de Dívidas, há mais de 25 anos de atividade, tenho atendido clientes em diversas situações e estágios do endividamento.
Normalmente, aqueles que tem uma fonte de renda mensal girando em torno de cinco, oito mil Reais, ou até na faixa de quinze mil Reais, quando chegam neste estágio, suas dívidas somadas representam dez, quinze até mais de 20 vezes a soma de sua renda média líquida mensal, principalmente aqueles que tem uma renda fixa recorrente.
Podemos mencionar como exemplo um caso recente de um consumidor que nos procurou, que recebe cerca de 14 mil Reais, líquido, e agora está devendo quase 300 mil Reais.
Ele tem menos de 40 anos e jamais teve seu nome negativado, estava com auto estima lá embaixo, se achando um mau pagador. Após conhecer os detalhes de como ele chegou a esta situação procurei minimizar sua decepção e afirmei: “Você somente chegou a este volume de endividamento justamente porque é um bom pagador”.
O princípio do seu desequilíbrio foi a separação do casamento e claro, também alguns excessos de gastos do dia a dia em seu orçamento. Ele começou a utilizar o excelente crédito que sempre teve para gerar novas dívidas, contraindo outros empréstimos, todos os meses, a fim de completar a diferença negativa entre o que tinha para pagar e o que recebia líquido do seu salário.
Essa bola de neve já vinha crescendo há quase dois anos, justamente para manter o nome limpo, honrar os compromissos, ele criou dividas para pagar dívidas.
Tem um trecho no meu livro Como Negociar Dívidas assim:
“O simples, o óbvio raciocínio de que as despesas acima das receitas caracterizam o princípio do endividamento, passa de forma oculta quando vem de encontro a sagrada obrigação de honrar os compromissos assumidos e manter, a todo custo, o nome limpo na praça, elevando ainda mais a inadimplência”.
Agora, amparado adequadamente com nosso permanente suporte, ele somente vai se recuperar a longo prazo desde que aplique as seguintes condições:
1-Reformular seu orçamento mensal para adequar a uma realidade compatível com a situação.
2- É comum nestas situações a desorganização das despesas pessoais, portanto é necessária total prioridade para reorganizar as despesas essenciais que envolvem sua subsistência pessoal e familiar tipo: Água, luz, telefone, condomínio, aluguel ou prestação do imóvel, iptu, educação, etc.
3-Viver em cima de um orçamento rigorosamente sem excessos.
4-Rever todos os contratos dos empréstimos contraídos para identificar os abusos cometidos com juros e outras irregularidades que todos esses credores utilizam na maioria dos contratos de financiamentos.
Desta forma, lá na frente, ele terá condições de voltar a pagar todos os empréstimos aos credores, mas com valores bem reduzidos em comparação aos valores atuais.
Observe com esse exemplo que tudo é uma questão de tomar a decisão no tempo certo. Se ele tivesse esta postura há um ano atrás, certamente seu endividamento estaria menos da metade dos valores de hoje.
O fato é que esta situação é uma realidade que vem acontecendo com milhões de consumidores atualmente em todo Brasil. Enquanto eles têm crédito, continuam se endividando e elevando ainda mais o processo de inadimplência, estão queimando a gordura com novos empréstimos, enriquecendo o sistema financeiro, pagando juros abusivos e quanto mais demorado for a decisão de parar e rever tudo, mais dificil e demorada será sua recuperação financeira.
Esses consumidores precisam se conscientizar de que ainda são privilegiados, já que tem um salário fixo mensal e necessitam adquirir educação financeira para viver em função de um orçamento que esteja dentro de suas condições de pagamento.
Certamente, a situação está mais difícil para aqueles que trabalham por conta própria com renda mensal flutuante e, pior ainda, para os 14 milhões de desempregados. Esses sim, vivem à margem de uma realidade perversa de nossa frágil economia.
*Emanuel Gonçalves da Silva, Consultor de Dívidas
Nenhum comentário:
Postar um comentário