domingo, 11 de maio de 2025

Atentado frustrado no RJ reacendem alerta sobre segurança digital de jovens

   Pixabay


Radiografia da Notícia

* A obra retrata como ideias misóginas, discursos de ódio e dinâmicas extremistas se infiltram nas rotinas dos jovens

* A articulação partiu de um grupo que atuava no Discord, uma plataforma bastante popular entre adolescentes

Como posso ajudá-lo a discernir o que pode, deve ou não circular?

Redação/Hourpress

O Dia das Mães é um momento de celebrar o amor, o cuidado e os laços que unem famílias. Em meio aos abraços, flores e fotos, precisamos olhar também para um cenário nem sempre tão visível: o mundo digital em que crianças e adolescentes estão imersos. Nos últimos dias, um caso chamou a atenção do país, a Polícia Civil do Rio de Janeiro frustrou um plano de atentado no show da cantora Lady Gaga, realizado no último sábado (3), em Copacabana. Segundo as investigações, a articulação partiu de um grupo que atuava no Discord, uma plataforma bastante popular entre adolescentes.
 

A operação que levou à prisão dos suspeitos revelou algo ainda mais alarmante: o mesmo grupo estaria por trás de ações de aliciamento de menores em redes sociais, incentivando a participação em desafios perigosos e, em alguns casos, promovendo crimes de ódio. Produções recentes como a série Adolescência, da Netflix, ajudam a ilustrar como esse ambiente digital, aparentemente inofensivo, pode exercer uma influência profunda, e muitas vezes negativa, sobre crianças e adolescentes. A obra retrata como ideias misóginas, discursos de ódio e dinâmicas extremistas se infiltram nas rotinas dos jovens, potencializadas por algoritmos, bolhas digitais e pela sensação de anonimato.

 

Esse e outros episódios recentes reafirmam que a proteção dos pequenos não começa dentro do aparelho, mas na postura de quem os guia. Em vez de colocar a culpa nas crianças por navegarem, muitas vezes sem entender os riscos, cabe aos adultos, mães, pais e cuidadores responsáveis, dar o exemplo, orientar e usar as ferramentas certas para mantê-los seguros.
 

Comece pelo exemplo
 

Antes de postar fotos de aniversários, refeições ou passeios, reflita: será que meu filho gostaria de ver essa imagem circulando sem controle por aí? Como posso ajudá-lo a discernir o que pode, deve ou não circular? Quando demonstramos que estabelecemos nossos próprios limites de privacidade, tornamos natural para as crianças aprenderem a valorizar a própria imagem e a pensar duas vezes antes de compartilhar.
 

Mas não basta apenas modelar comportamentos, é preciso conversar. Ferramentas de controle parental são aliadas poderosas, mas não substituem o diálogo aberto. Dedique tempo para entender com quem eles conversam, o que assistem e como se sentem em relação aos “vídeos virais” e desafios que pipocam nas redes.
 

Evitar perguntas que soem acusatórias como “Por que fez isso?”, pode ser substituído por “O que te chamou atenção nesse conteúdo?” ou “Como você se sentiu naquele momento?”. Assim, é possível construir um canal de confiança onde eles sabem que podem buscar ajuda sem medo de julgamento.

 

Mais do que proibir, é fundamental ensinar o sentido crítico. Explique, com base em exemplos reais e adequados à idade, como chantagens circulam on-line, por que criadores de desafios nocivos usam a insegurança da plataforma para explorar menores e como identificar convites suspeitos. Ao compreender o motivo de cada risco, as crianças ganham consciência para recusar pedidos inadequados, denunciar situações perigosas e fazer escolhas mais seguras por conta própria.

 

Ferramentas e cuidados práticos

 

Existem recursos nas próprias plataformas que facilitam o acompanhamento, sem invadir a privacidade, como a “Central da Família” do Discord, que permite saber em quais servidores seu filho está e com quem troca mensagens. No caso dos dispositivos móveis, aplicativos de controle parental podem limitar horários, bloquear conteúdos impróprios e até enviar alertas quando há tentativas de acesso a sites perigosos. Configurar essas ferramentas mostrando que é um gesto de cuidado, e não de desconfiança, fortalece o vínculo e mantém o ambiente virtual mais protegido.

 

Quando for compartilhar momentos especiais, opte por cliques que preservem a privacidade, desde lembrar que redes fechadas para amigos dificultam a circulação de imagens de forma indiscriminada, até considerar o tipo de imagem que publicará: fotos de costas, detalhes de mãos segurando desenhos ou os pezinhos na areia já guardam toda a doçura da memória sem expor dados sensíveis. Assim, você mantém viva a tradição de celebrar a infância e, ao mesmo tempo, garante que essas imagens não sejam usadas indevidamente por quem não faz parte do círculo de confiança.
 

Neste Dia das Mães, o maior presente que se pode dar aos nossos filhos é o cuidado que ultrapassa as fronteiras do mundo físico. Assumir a responsabilidade, atuar como exemplo, manter o diálogo sempre aberto e recorrer às ferramentas de proteção faz parte de um único gesto de amor: assegurar que o sorriso deles continue intacto, seja no colo, no parque ou na tela do computador.


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