Reuters/EBC
Radiografia da Notícia
* O Rio Grande do Sul registra 459 mil pontos sem luz
* A capital Porto Alegre só está conectada com o Interior apenas por duas rodovias, ERS-040 e ERS 118
* A enchente começou há pouco mais de uma semana, provocadas pela alta do rio Guaíba
Luís Alberto Alves/Hourpress
A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul,
até essa quinta-feira (9), registra 107 mortos, 136 desaparecidos e 374
feridos. Aproximadamente 233 mil pessoas estão fora de suas casas. Dos 497 municípios
gaúchos, 425 tem algum problema relacionado a forte chuva dos últimos dias que
prejudicou 1,476 milhão de pessoas.
Segundo as Polícia Rodoviária Federal e Estadual
do RS, o estado tem 139 trechos de estradas bloqueados parcial ou totalmente.
São 54 pontos em rodovias federais e 85 em estaduais. A capital Porto Alegre só
está conectada com o Interior apenas por duas rodovias, ERS-040 e ERS 118. As
outras quatro não oferecem condições de uso.
O Rio Grande do Sul registra 459 mil pontos
sem luz. Todas as três operadoras de telefonia celular (TIM, Vivo e Claro)
enfrentam problemas no fornecimento de serviços de telefonia e internet.
Tragédia
A enchente começou há pouco mais de uma
semana, provocadas pela alta do rio Guaíba. Logo 425 cidades do Rio Grande do Sul
começaram a enfrentar problemas, com a água invadindo casas e estabelecimento
comerciais, escolas e hospitais. A fúria das águas, até essa quinta-feira (9)
já deixou 107 mortos, 136 desaparecidos e 374 feridos.
Relatos de moradores descrevem que foi
rápida a subida dos níveis de rios impactados pelas cheias do Guaíba. Muitos
não tiveram tempo, sequer, de apanhar documentos. Saíram de suas casas apenas
com a roupa do corpo. Do contrário poderiam perder a própria vida, se permanecessem
no local.
A meteorologia informou que 400 mm de
água caíram sobre o Rio Grande do Sul. Este volume de água era previsto para três
meses, mas veio numa semana. Essa quantidade de água equivale a 400 litros de
água por metro quadrado. Por causa disto, muitos imóveis se encontram alagados,
a maioria até o teto.
Essa enchente deixou cerca de 233 mil
pessoas fora de suas casas. Desse total, 67. 542 em abrigos e 164.583 desalojados
(pessoas que se encontram em casas de familiares ou amigos). Igual numa guerra,
o RS registra 459 mil pontos sem luz. As três operadoras de telefonia celular
(TIM, Vivo e Claro) enfrentam problemas no fornecimento de serviços, inclusive
de internet.
Das seis rodovias que conectam o Rio
Grande do Sul para o interior e outros estados, apenas duas oferecem condições
de uso. Segundo a Polícia Rodoviária Federal e Estadual, o RS tem 139 trechos
de estradas bloqueados parcial ou totalmente, 54 em rodovias federais e 85 em
estaduais.
Motivo
Com este cenário de guerra, a pergunta de
muitos brasileiros é a seguinte: “por que choveu tanto sobre o Rio Grande do
Sul, que poucos meses atrás enfrentou terrível seca, qual a razão para tamanha
fúria das águas”? Como pode 400 litros
de água por metro quadrado, previstos para cair no formato de chuva num período
de três meses, descer do céu numa semana?
O impacto foi tão forte que aproximadamente
233 mil pessoas estão fora de suas casas. A maioria apenas com a roupa do
corpo, muitos perderam documentos e tiveram prejuízos incalculáveis. A malha
viária também acabou atingida, dificultado o acesso às áreas atingidas.
Inclusive com mantimentos e roupas aos desabrigados.
Émile Durkheim, sociólogo e psicólogo francês,
fundador da sociologia, enfatiza que nenhum problema acontece sem causa. Algo
contribuiu para o desfecho desta ocorrência. O meio ambiente foi agredido
severamente no Rio Grande do Sul. Parte de sua floresta se transformou em
madeira cortada e o solo deu lugar às plantações de soja e arroz.
O volume de água, acima dos 5 metros, no rio
Guaíba, inundando a capital Porto Alegre, assustou. Porém o Guaíba não invadiu
as ruas e edifícios daquela cidade. Ele apenas ocupou o espaço, que um dia a
especulação imobiliária tomou. No interior do RS diversas cidades foram
construídas em áreas de pântano, área alagadiça, que córregos e rios utilizam
para despejar o excedente de suas águas.
Outro grave problema é o número reduzido de
área verde na maioria dos imóveis, sejam casas ou edifícios ou mesmo
estabelecimentos comerciais. Tudo é cimentado. Quando chove, a água não é
absorvida pelo solo e chega rápido às galerias pluviais. Por sua vez entupidas
de lixo. Sem espaço, essa água ocupa as ruas e avenidas. O grande culpado pelas
enchentes do Rio Grande do Sul é homem. O Guaíba e demais rios e córregos do RS
são inocentes.
Luís Alberto Alves, jornalista e editor do blogue
Cajuísticas.
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