quinta-feira, 9 de maio de 2024

Quem são os culpados pelas enchentes no Rio Grande do Sul?

Reuters/EBC


Radiografia da Notícia

 * O Rio Grande do Sul registra 459 mil pontos sem luz

A capital Porto Alegre só está conectada com o Interior apenas por duas rodovias, ERS-040 e ERS 118

A enchente começou há pouco mais de uma semana, provocadas pela alta do rio Guaíba

Luís Alberto Alves/Hourpress

 A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, até essa quinta-feira (9), registra 107 mortos, 136 desaparecidos e 374 feridos. Aproximadamente 233 mil pessoas estão fora de suas casas. Dos 497 municípios gaúchos, 425 tem algum problema relacionado a forte chuva dos últimos dias que prejudicou 1,476 milhão de pessoas.

 Segundo as Polícia Rodoviária Federal e Estadual do RS, o estado tem 139 trechos de estradas bloqueados parcial ou totalmente. São 54 pontos em rodovias federais e 85 em estaduais. A capital Porto Alegre só está conectada com o Interior apenas por duas rodovias, ERS-040 e ERS 118. As outras quatro não oferecem condições de uso.

 O Rio Grande do Sul registra 459 mil pontos sem luz. Todas as três operadoras de telefonia celular (TIM, Vivo e Claro) enfrentam problemas no fornecimento de serviços de telefonia e internet.

 Tragédia

 A enchente começou há pouco mais de uma semana, provocadas pela alta do rio Guaíba. Logo 425 cidades do Rio Grande do Sul começaram a enfrentar problemas, com a água invadindo casas e estabelecimento comerciais, escolas e hospitais. A fúria das águas, até essa quinta-feira (9) já deixou 107 mortos, 136 desaparecidos e 374 feridos.

 Relatos de moradores descrevem que foi rápida a subida dos níveis de rios impactados pelas cheias do Guaíba. Muitos não tiveram tempo, sequer, de apanhar documentos. Saíram de suas casas apenas com a roupa do corpo. Do contrário poderiam perder a própria vida, se permanecessem no local.

 A meteorologia informou que 400 mm de água caíram sobre o Rio Grande do Sul. Este volume de água era previsto para três meses, mas veio numa semana. Essa quantidade de água equivale a 400 litros de água por metro quadrado. Por causa disto, muitos imóveis se encontram alagados, a maioria até o teto.

 Essa enchente deixou cerca de 233 mil pessoas fora de suas casas. Desse total, 67. 542 em abrigos e 164.583 desalojados (pessoas que se encontram em casas de familiares ou amigos). Igual numa guerra, o RS registra 459 mil pontos sem luz. As três operadoras de telefonia celular (TIM, Vivo e Claro) enfrentam problemas no fornecimento de serviços, inclusive de internet.

 Das seis rodovias que conectam o Rio Grande do Sul para o interior e outros estados, apenas duas oferecem condições de uso. Segundo a Polícia Rodoviária Federal e Estadual, o RS tem 139 trechos de estradas bloqueados parcial ou totalmente, 54 em rodovias federais e 85 em estaduais.

 Motivo

 Com este cenário de guerra, a pergunta de muitos brasileiros é a seguinte: “por que choveu tanto sobre o Rio Grande do Sul, que poucos meses atrás enfrentou terrível seca, qual a razão para tamanha fúria das águas”?  Como pode 400 litros de água por metro quadrado, previstos para cair no formato de chuva num período de três meses, descer do céu numa semana?

 O impacto foi tão forte que aproximadamente 233 mil pessoas estão fora de suas casas. A maioria apenas com a roupa do corpo, muitos perderam documentos e tiveram prejuízos incalculáveis. A malha viária também acabou atingida, dificultado o acesso às áreas atingidas. Inclusive com mantimentos e roupas aos desabrigados.

 Émile Durkheim, sociólogo e psicólogo francês, fundador da sociologia, enfatiza que nenhum problema acontece sem causa. Algo contribuiu para o desfecho desta ocorrência. O meio ambiente foi agredido severamente no Rio Grande do Sul. Parte de sua floresta se transformou em madeira cortada e o solo deu lugar às plantações de soja e arroz.

 O volume de água, acima dos 5 metros, no rio Guaíba, inundando a capital Porto Alegre, assustou. Porém o Guaíba não invadiu as ruas e edifícios daquela cidade. Ele apenas ocupou o espaço, que um dia a especulação imobiliária tomou. No interior do RS diversas cidades foram construídas em áreas de pântano, área alagadiça, que córregos e rios utilizam para despejar o excedente de suas águas.

 Outro grave problema é o número reduzido de área verde na maioria dos imóveis, sejam casas ou edifícios ou mesmo estabelecimentos comerciais. Tudo é cimentado. Quando chove, a água não é absorvida pelo solo e chega rápido às galerias pluviais. Por sua vez entupidas de lixo. Sem espaço, essa água ocupa as ruas e avenidas. O grande culpado pelas enchentes do Rio Grande do Sul é homem. O Guaíba e demais rios e córregos do RS são inocentes.

 Luís Alberto Alves, jornalista e editor do blogue Cajuísticas.

 


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