Radiografia da Notícia
* Durante 36 anos de estrada nunca perdi o foco de que
inscreveria uma matéria para concorrer
* Desempregados que foram para a rua após a falência da
empresa, sem receber nada
* Lembro do funcionário do então #Mappin, em 1999, por
causa de uma dívida de R$ 1,12 bilhão, que lamentou a quebra da empresa
Luís Alberto Alves/Hourpress
Em #jornalismo existem prêmios que qualquer
profissional nesta área sonha em ganhar. Alguns vão às ruas trabalhar
imaginando transformar aquela reportagem numa participante de um determinado #prêmio.
Durante 36 anos de estrada nunca perdi o foco de que escreveria
uma matéria para concorrer e levar para a casa o tão sonhado e concorrido Prêmio
#Vladimir #Herzog. Quando coloquei no papel, ano passado, o
livro-reportagem “O flagelo do desemprego”, não pensava neste cobiçado e
respeitado #prêmio.
Porém, à medida que os exemplares eram vendidos crescia
dentro de mim a certeza que deveria inscrevê-lo na modalidade livro-reportagem.
Fiz a inscrição e segui todos os trâmites exigidos pela comissão que avalia
todos os trabalhos enviados.
Mappin
Finalmente fui comunicado de que o livro “O flagelo do
desemprego” obedeceu a todas as regras e apto para concorrer. Fiquei contente.
Visto que o #desemprego é outra forma de violência, que destrói famílias,
vidas e semeia amargura e tristeza onde ele chega.
Quantas reportagens escrevi abordando esse tema. #Desempregados
que foram para a rua após a falência da empresa, sem receber nada. A tristeza
de me receber em casa, para falar sobre o assunto, e não poder oferecer uma xícara
de café, pois a fome já estava ali presente.
Lembro do funcionário do então #Mappin, em 1999, por
causa de uma #dívida de R$ 1,12 bilhão, que lamentou a quebra da empresa.
Com mais de 60 anos de casa, dizia que não conseguiria viver sem o seu segundo
lar. Em 2002 foi a vez das Lojas Arapuã deixar na rua da amargura vários trabalhadores.
Domínio
Inúmeras histórias colecionadas em 12 anos escrevendo a
respeito desse assunto. Não me esqueço do adolescente olhando firme em mim e
dizendo: “como posso ganhar experiência, se nenhuma empresa me arruma #emprego”?
Fiquei sem resposta, mas abri aquela reportagem com essa frase. Infelizmente
passados tantos anos, percebo que ocorreu mudança alguma em relação a esse
assunto.
Eu mesmo passei por essa terrível experiência, após tantos
anos de redação, exercendo diversas funções, como repórter, editor, chefe de
reportagem e editor-chefe. Senti na pele a dor de ser discriminado por causa da
idade ou mesmo de acumular tanta sabedoria como jornalista.
Cheguei à conclusão que o desemprego é semelhante ao
torturador. Sente prazer no sofrimento da pessoa que está sob o seu domínio.
Vai massacrando lentamente até obter a confissão final. É a luta entre razão e
emoção, sensatez e loucura. A esperança de retornar ao mercado e sentir-se útil
novamente para a sociedade. Igual o preso, poder voltar a ser livre.
#Luís Alberto Alves, jornalista, editor do blogue Cajuísticas
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