segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Livro “O flagelo do desemprego” vai concorrer ao Prêmio Vladimir Herzog



Radiografia da Notícia

* Durante 36 anos de estrada nunca perdi o foco de que inscreveria uma matéria para concorrer

* Desempregados que foram para a rua após a falência da empresa, sem receber nada

* Lembro do funcionário do então #Mappin, em 1999, por causa de uma dívida de R$ 1,12 bilhão, que lamentou a quebra da empresa

Luís Alberto Alves/Hourpress

Em #jornalismo existem prêmios que qualquer profissional nesta área sonha em ganhar. Alguns vão às ruas trabalhar imaginando transformar aquela reportagem numa participante de um determinado #prêmio.

Durante 36 anos de estrada nunca perdi o foco de que escreveria uma matéria para concorrer e levar para a casa o tão sonhado e concorrido Prêmio #Vladimir #Herzog. Quando coloquei no papel, ano passado, o livro-reportagem “O flagelo do desemprego”, não pensava neste cobiçado e respeitado #prêmio.

Porém, à medida que os exemplares eram vendidos crescia dentro de mim a certeza que deveria inscrevê-lo na modalidade livro-reportagem. Fiz a inscrição e segui todos os trâmites exigidos pela comissão que avalia todos os trabalhos enviados.

Mappin

Finalmente fui comunicado de que o livro “O flagelo do desemprego” obedeceu a todas as regras e apto para concorrer. Fiquei contente. Visto que o #desemprego é outra forma de violência, que destrói famílias, vidas e semeia amargura e tristeza onde ele chega.

Quantas reportagens escrevi abordando esse tema. #Desempregados que foram para a rua após a falência da empresa, sem receber nada. A tristeza de me receber em casa, para falar sobre o assunto, e não poder oferecer uma xícara de café, pois a fome já estava ali presente.

Lembro do funcionário do então #Mappin, em 1999, por causa de uma #dívida de R$ 1,12 bilhão, que lamentou a quebra da empresa. Com mais de 60 anos de casa, dizia que não conseguiria viver sem o seu segundo lar. Em 2002 foi a vez das Lojas Arapuã deixar na rua da amargura vários trabalhadores.

Domínio

Inúmeras histórias colecionadas em 12 anos escrevendo a respeito desse assunto. Não me esqueço do adolescente olhando firme em mim e dizendo: “como posso ganhar experiência, se nenhuma empresa me arruma #emprego”? Fiquei sem resposta, mas abri aquela reportagem com essa frase. Infelizmente passados tantos anos, percebo que ocorreu mudança alguma em relação a esse assunto.

Eu mesmo passei por essa terrível experiência, após tantos anos de redação, exercendo diversas funções, como repórter, editor, chefe de reportagem e editor-chefe. Senti na pele a dor de ser discriminado por causa da idade ou mesmo de acumular tanta sabedoria como jornalista.

Cheguei à conclusão que o desemprego é semelhante ao torturador. Sente prazer no sofrimento da pessoa que está sob o seu domínio. Vai massacrando lentamente até obter a confissão final. É a luta entre razão e emoção, sensatez e loucura. A esperança de retornar ao mercado e sentir-se útil novamente para a sociedade. Igual o preso, poder voltar a ser livre.

#Luís Alberto Alves, jornalista, editor do blogue Cajuísticas

 

 

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