Os números mostram que existem muitos problemas sistêmicos relacionados à falta de oportunidades e inclusão
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O excesso de tarefas causam sobrecarga às mulheres |
Redação/Hourpress
Toda mulher enfrenta desafios diversos ao longo da vida. De modo geral, as mulheres crescem com um papel social muito definido, que inclui regras e expectativas diferentes das que são impostas para pessoas do sexo masculino. O acúmulo de demandas como tarefas domésticas, filhos, trabalho e vida social frequentemente causam uma sobrecarga às mulheres, que pode desencadear um adoecimento físico e mental, ou mesmo dificultar que elas olhem adequadamente para sua saúde de forma preventiva, colocando-se muitas vezes em segundo plano.
De acordo com um estudo feito pela psicóloga Mona Moieni, da Universidade da Califórnia, existe uma prevalência maior de doenças mentais, como ansiedade e depressão, nas mulheres. No caso da depressão, a taxa é duas vezes mais alta do que entre os homens. Com a ansiedade, essa taxa chega a ser três vezes maior. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram também a disparidade da carga de trabalho doméstico entre homens e mulheres que, por sua vez, passam quase o dobro do seu tempo em afazeres domésticos e cuidados de pessoas em comparação aos homens. Essa diferença se dá, inclusive, quando a mulher trabalha fora de casa.
Ao olhar para o mercado de trabalho, os números mostram que existem muitos problemas sistêmicos relacionados à falta de oportunidades e inclusão. No Brasil, por exemplo, as mulheres representam apenas 27% dos cargos gerenciais e ganham em média menos do que os homens. Segundo o estudo Estatísticas de Gênero, divulgado pelo IBGE em março de 2021, apenas 54,6% das mães entre 25 e 49 anos que têm crianças de até três anos em casa estão empregadas. A maternidade negra, nesta mesma situação, representa uma taxa ainda menor: menos da metade está no mercado de trabalho (49,7%).
Psicóloga
Além disso, mulheres também encaram fatores de risco diferentes no dia a dia e no ambiente de trabalho, que podem causar um desequilíbrio emocional ou até desencadear o desenvolvimento de uma doença mental. Quase metade das que atuam no mercado de trabalho sofrem ou já sofreram assédio sexual no ambiente corporativo, de acordo com uma pesquisa da empresa Think Eva realizada em parceria com o LinkedIn.
Ines Hungerbühler, psicóloga, PhD e líder do Time Clínico do Wellz, solução de saúde mental desenvolvida pelo time do Gympass que apoia as empresas na gestão do bem-estar emocional dos seus times, explica que o autocuidado e o apoio profissional são duas ferramentas fundamentais quando pensamos na qualidade de vida das mulheres. “Quando falamos da saúde mental da mulher, precisamos considerar diversos fatores externos, entre eles as condições de gênero que geram efeitos profundos e aumentam os riscos de sofrimento psicológico”, afirmou.
A especialista explica que é dever das organizações zelar pelo bem-estar e pela saúde mental de todas as pessoas colaboradoras. Promover um ambiente seguro psicologicamente é o primeiro passo para que as mulheres se sintam respeitadas, valorizadas e apoiadas.
Mental
Para dar início aos cuidados com a saúde mental das mulheres, Ines destaca que é preciso engajar as lideranças. “Ter benefícios de saúde mental é essencial, especialmente no tempo em que vivemos, mas ele será insuficiente se a liderança não participar ativamente”, disse.
A psicóloga reforça também que é necessário criar espaços seguros para que as pessoas colaboradoras falem sobre questões de saúde mental e, no caso específico da saúde mental das mulheres, é necessário ir além. A reflexão deve envolver também os assuntos estruturais e organizacionais da empresa, incluindo temas como planos de equidade para os cargos de gestão, políticas internas de maternidade e carreira, a criação de espaços seguros para conversas ou pedidos de ajuda sobre assédio moral e sexual, entre outros.
“Oferecer auxílio e acolhimento deve ser uma atividade contínua. Essa é a coisa mais importante a ser feita: dar espaço de escuta para entender o que as mulheres precisam, seus principais desafios e ambições e o que buscam. A regra de ouro da empatia é ouvir o que a outra pessoa expressa, reconhecendo as emoções como válidas e autênticas, sejam elas quais forem. Certifique-se de que as colaboradoras, especialmente as mães, possam ter oportunidades de dizer o que precisam, como estão se sentindo e se estão confortáveis com a situação de trabalho e suas demandas. Após essa escuta, analisar a possibilidade de flexibilizar demandas, horários de trabalho, e ajudar a estabelecer limites saudáveis”, finalizou Ines Hungerbühler.
Para que as empresas saibam como agir frente a este tema, Wellz também oferece um e-book gratuito. O material aborda diversos tópicos relevantes sobre o tema. O e-book está disponível neste site.
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