segunda-feira, 13 de julho de 2020

Negro, pobre e favelado são inimigos da PM???


Desde a época do Regime Militar de 1964, a doutrina da Segurança Nacional tornou o povo inimigo político do governo

Luís Alberto Alves/Hourpress

Estamos no século 21, mas as Polícias Militares, em diversas regiões do Brasil, continuam agindo iguais os capatazes que perseguiam os escravos fugitivos das fazendas, para não morrerem de tanto trabalhar sob o jugo dos senhores de engenho. Não é coincidência que a maioria das vítimas seja negra e pobre.

É vergonhoso olhar a imagem ou o vídeo de uma mulher, a caminho de se tornar idosa, deitada no chão e um soldado pisando com sua botina sobre o pescoço da vítima. Não existe desculpa para tamanho descalabro. É alguém que precisa ficar fora das ruas. Do contrário colocará em risco a vida da população.

Pobre

Mas a prática de maus tratos de parte dos soldados e até oficiais da PM não é de agora. Desde a época do Regime Militar de 1964, a doutrina da Segurança Nacional tornou o povo inimigo político do governo. Caso seja negro, pobre e more numa favela, será a presa fácil nas mãos destes horrorosos policiais.

Sem querer ministrar opinião na cadeira de Psicologia, os últimos atos de violência praticados pela PM em várias cidades do Brasil, revela que esses homens estão fora de controle. O seu sistema nervoso está destroçado. É alguém que necessita de tratamento psiquiátrico. Do contrário vai matar um inocente, manjando ainda mais a imagem da PM.

Fuzil

No mês de junho, nove soldados torturaram um pizzaiolo no bairro do Jaçanã, Zona Norte de SP e o obrigaram a mentir na elaboração do Boletim de Ocorrência na delegacia. Felizmente as imagens das agressões explodiram nas redes sociais e eles foram afastados das ruas e nesta segunda-feira (13) acabaram soltos pela Justiça Militar.

O que dizer do menino João Pedro, 14, morto com tiro de fuzil dentro de sua casa em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Sua residência foi alvejada 70 vezes com disparos desta arma de fogo. Não muito distante dali, em março, o jovem Iago César dos Reis Gonzaga, 21, perdeu a vida através de tiro disparado pela PM na favela do Acari.

Negras

São diversos registros de abuso de autoridade, agressões, torturas e mortes a sangue frio, como ocorreu com o adolescente Guilherme Silva Guedes, 15, na cidade de Diadema, Grande SP, onde um soldado e um sargento são acusados de agredi-lo e depois matá-lo.

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) evidencia que 75,4% das pessoas mortas em intervenções policiais nos anos de 2017 e 2018 eram negras. Ao todo,  11% das mortes violentas intencionais reportadas em todo o Brasil, no período, foram cometidas pela polícia.

 

Sobrevivência

Ao agir desta forma, a instituição PM perde a credibilidade junto à população, que passa a vê-la como inimiga, que pode colocar a sua vida em risco, quando o dever da Polícia é proteger o cidadão, seja pobre ou rico, morador na periferia ou nas regiões abastadas das cidades. Cada vez que alguém é vítima de maus Pms, o crime organizado ganha mais status.

Não é novidade que na periferia, boa parte do povo não goste da Polícia. Prefere, erradamente e por questão de sobrevivência, simpatizar-se com criminosos, que os ajudam, para não ter seus pontos de drogas prejudicados. Esta cultura de violência enraizada nas Polícias Militares precisa ser extinta, para o bem da própria Segurança Pública.

Nunca se esqueçam: em terra de cego, quem tem um olho enxerga tudo!!!


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