Não era o poço de ódio em que se tornou nas mãos, primeiro de Roberto, depois do Giancarlo, o neto
*Luís Alberto Alves/Hourpress
Se na década de 80, alguém
profetizasse que a Editora Abril iria quebrar, ninguém acreditaria. No máximo
essa fala não teria crédito. Passados 38 anos, a menina dos olhos de Victor
Civita foi para a lona, nocauteada pela incompetência e arrogância dos filhos
Richard e Roberto.
O velho Civita, no prédio da
Marginal do Tietê, Freguesia do Ó, Zona Norte de Sampa, tinha o saudável hábito
de cumprimentar todos os funcionários, inclusive os da limpeza. Tinha noção de
que este gesto demonstrava carinho do patrão pelo empregado, resultando em boa
produção. Procurem as edições de Veja das décadas de 70 e 80.
Em cada reportagem, uma aula de
jornalismo. Tinha inúmeros assinantes. Não era o poço de ódio em que se tornou
nas mãos, primeiro de Roberto, depois do Giancarlo, o neto. O erro da Abril foi
cair no jogo da extrema-direita, de poupar os ladrões de colarinho branco e
insistir na tese furada de que bandidos só existiriam no PT.
O mercado publicitário não é
ingênuo. Logo percebeu o nariz virado dos consumidores que passaram a cancelar
as assinaturas de Veja e cair na antipatia. Nenhuma empresa deseja ver sua
mercadoria estampando páginas de veículo de imprensa, onde tudo é errado, mesmo
as coisas certas. Logo, as dívidas aumentaram. Demitidos não conseguiam receber
corretamente seus direitos. A bola de neve começou a crescer.
Mesmo com o sinal amarelo da
crise financeira aceso, os donos do mundo da Abril resolveram pagar aluguel
astronômico na Marginal do Rio Pinheiros. Agiram igual endividado que come ovo
e arrota caviar. Atrasos de salário e diversos problemas começaram a aparecer,
inclusive a desconfiança do mercado financeiro. A cova da insolvência aos
poucos tinha início.
Com o leitor entrando de cabeça
na internet, a Abril demorou em jogar suas publicações em sites, como
entenderam outros veículos de comunicação. Hoje, são poucas as pessoas dispostas
a guardar pilhas de papel, no formato de jornal e revistas, dentro de casa.
Preferem reunir esse conteúdo nos computadores, onde não mofam ou amarelam.
Que o triste fim da Abril sirva
de exemplo para as rádios Jovem Pan e Bandeirantes, que se tornaram dignas
representantes da Ku Klux Klan no Brasil, em termos de políticas que não sejam
de esquerda. Leitor, ouvinte ou telespectador passam longe da ingenuidade.
Percebem quando o ódio é matéria-prima da notícia. O final disto tudo é a queda
na venda de publicidade e a ladeira da falência.
Nunca
se esqueçam: em terra de cego, quem tem um olho enxerga tudo!!!
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