terça-feira, 7 de agosto de 2018

Como morre uma grande empresa




Não era o poço de ódio em que se tornou nas mãos, primeiro de Roberto, depois do Giancarlo, o neto


*Luís Alberto Alves/Hourpress

Se na década de 80, alguém profetizasse que a Editora Abril iria quebrar, ninguém acreditaria. No máximo essa fala não teria crédito. Passados 38 anos, a menina dos olhos de Victor Civita foi para a lona, nocauteada pela incompetência e arrogância dos filhos Richard e Roberto.

O velho Civita, no prédio da Marginal do Tietê, Freguesia do Ó, Zona Norte de Sampa, tinha o saudável hábito de cumprimentar todos os funcionários, inclusive os da limpeza. Tinha noção de que este gesto demonstrava carinho do patrão pelo empregado, resultando em boa produção. Procurem as edições de Veja das décadas de 70 e 80.

Em cada reportagem, uma aula de jornalismo. Tinha inúmeros assinantes. Não era o poço de ódio em que se tornou nas mãos, primeiro de Roberto, depois do Giancarlo, o neto. O erro da Abril foi cair no jogo da extrema-direita, de poupar os ladrões de colarinho branco e insistir na tese furada de que bandidos só existiriam no PT.

O mercado publicitário não é ingênuo. Logo percebeu o nariz virado dos consumidores que passaram a cancelar as assinaturas de Veja e cair na antipatia. Nenhuma empresa deseja ver sua mercadoria estampando páginas de veículo de imprensa, onde tudo é errado, mesmo as coisas certas. Logo, as dívidas aumentaram. Demitidos não conseguiam receber corretamente seus direitos. A bola de neve começou a crescer.

Mesmo com o sinal amarelo da crise financeira aceso, os donos do mundo da Abril resolveram pagar aluguel astronômico na Marginal do Rio Pinheiros. Agiram igual endividado que come ovo e arrota caviar. Atrasos de salário e diversos problemas começaram a aparecer, inclusive a desconfiança do mercado financeiro. A cova da insolvência aos poucos tinha início.

Com o leitor entrando de cabeça na internet, a Abril demorou em jogar suas publicações em sites, como entenderam outros veículos de comunicação. Hoje, são poucas as pessoas dispostas a guardar pilhas de papel, no formato de jornal e revistas, dentro de casa. Preferem reunir esse conteúdo nos computadores, onde não mofam ou amarelam.

Que o triste fim da Abril sirva de exemplo para as rádios Jovem Pan e Bandeirantes, que se tornaram dignas representantes da Ku Klux Klan no Brasil, em termos de políticas que não sejam de esquerda. Leitor, ouvinte ou telespectador passam longe da ingenuidade. Percebem quando o ódio é matéria-prima da notícia. O final disto tudo é a queda na venda de publicidade e a ladeira da falência.
Nunca se esqueçam: em terra de cego, quem tem um olho enxerga tudo!!!











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