sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

O carinho perde o seu mestre para sempre, morre Sidney Poitier

    Agência Brasil/Reuters

#Sidney Poitier morreu nesta quinta-feira (6), aos 94 anos

Luís Alberto Alves/Hourpress

Sempre no Dia do Professor, comemorado no Brasil em 15 de outubro, as emissoras de televisão reprisam o filme “Ao Mestre com Carinho”, que narra a trajetória de um professor que resolve lecionar numa escola repleta de alunos problemáticos.

Uma das alunas, a cantora #Lulu faz homenagem ao professor, no final do ano letivo, cantando a música que dá nome ao filme. Foi o seu grande sucesso, depois desaparecendo das paradas. Nem o casamento com um dos Bee Gees, #Maurice Gibb, a manteve em alta

#Poitier, nascido em Miami, mas crescido na pobreza das Bahamas, era um ator inovador. Transformou a forma como os negros eram retratados na tela (algo que ainda não mudou no Brasil). Foi o primeiro negro a ganhar um Oscar de melhor ator principal, em 1964 por sua atuação no filme Lírios do Campo, e o primeiro a ser um dos principais sucessos de bilheteria.

Louco

A miséria em que viveu era tão grande, que até aos 10 anos de idade ele nunca tinha visto um automóvel, uma geladeira, eletricidade ou encanamento interno. Aos 15 anos mudou-se para Miami e chegou a Nova York, após mentir sobre a sua idade para se alistar no Exército, durante a Segunda Guerra Mundial (quando tinha 16 anos).

Recebeu como missão trabalhar num hospital psiquiátrico. Ali não gostou da maneira como os pacientes eram tratados (infelizmente esta ainda é a regra em diversos manicômios, principalmente no Brasil). Para fugir daquele terror, simulou a sua própria doença mental para forçar a dispensa militar.

Em 1967, no filme “Guess Who´s Coming to Dinner”, num atuação profética, o seu personagem, um intelectual e médico negro, chamado John Prentice, comenta com o seu futuro sogro, interpretado por Spencer Tracy, que a sua noiva, que conheceu durante férias no Havaí, que todos os seus filhos serão presidentes dos #Estados Unidos.

Presidente

Quarenta e um anos depois, em 2008, um homem nascido no Havaí, chamado #Barack Obama, filho de um estudante negro de economia no Quênia, Barack Obama Sr., e de Ann Dunham, branca, também universitária, seria eleito o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Ao contrário da maioria dos artistas brasileiros, Poitier era engajado com a causa dos negros norte-americanos. Abraçou o ideal dos direitos civis, defendido pelo pastor Batista, Martin Luther King, nas suas famosas passeatas, a maioria repreendidas violentamente pela polícia, nos Estados Unidos.

Ele sabia da influência que os filmes traziam na sociedade e na cultura popular, nas décadas de 50 e 60. Naquela época, #Poitier foi o primeiro astro negro e romântico. Quebrou o paradigma de atores negros só interpretar papeis como mordomos, agricultores e carregadores de malas em portas de hotéis. O sucesso de bilheteria de seus filmes mostrou que #Poitier era diferente.

Luís Alberto Alves, jornalista e editor do blogue Cajuísticas

Filme Ao Mestre, Com Carinho 

 

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