segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Partidos de esquerda precisam reciclar


A editora Abril é outro exemplo de derrocada após dominar o mercado de publicação de revistas por mais de 50 anos e faliu

 Luís Alberto Alves

 A derrota dos partidos de esquerda nesta eleição precisa servir para reciclagem de propostas. Nos erros existem mecanismos para conquistar a próxima vitória. É preciso humildade e fazer autocrítica. Lamentar não resolverá o problema. É hora de levantar a cabeça e começar a pensar em 2026.

O maior erro que um partido político comete, após chegar ao poder, é se acomodar. Esquecer as suas origens, as batalhas e os aprendizados que o levaram até o patamar atual. Grandes impérios caíram por causa da preguiça que se instalou depois de diversas conquistas.

Foi assim com Alexandre, o grande; com os romanos, os persas, os gregos. Foi assim, na área empresarial, com o poderoso Diários Associados, responsável pela criação da primeira emissora de televisão no Brasil, em 1950, e proprietário de imensa rede de jornais, revistas e numerosa emissoras de rádio.

 

Elite

 

A editora Abril é outro exemplo de derrocada após dominar o mercado de publicação de revistas por mais de 50 anos e faliu. Quando chegou ao auge, se acomodou. Ignorou a chegada de novas tecnologias no segmento de comunicação em massa.

O PT, fundado no início da década de 1980, demorou 23 anos para conquistar a presidência da República. Ralou muito. Foi alvo de chacota, de perseguição da grande mídia, alimentada pelo dinheiro da nossa elite, a mais atrasada do planeta. Permaneceu no comando do Brasil, 16 anos. Primeiro com Lula, reeleito e depois com Dilma Rousseff, sacada da presidência num golpe de estado com aval do Congresso Nacional.

Mas enquanto esteve no comando, de 2003a 2016, primeiro com Lula e depois com Dilma, o PT abaixou a guarda, mesmo quando teve maioria no Congresso Nacional. Em vez de passar o rolo compressor e aprovar e colocar em prática os seus projetos, ficou como jogador de futebol que dribla muito na área em vez de chutar a bola e marcar o gol. Agora colhe os frutos amargos dessa infantilidade.

 

Tiro

 

Em política não existe amadores, nem muito menos compaixão. É a regra dura da sobrevivência. O grande capital, que financia os seus parlamentares, vai jogar pesado para que nenhum projeto que coloque em risco a sua sobrevivência seja aprovado. Resultado disso é a reforma trabalhista de 2017, que foi um tiro de canhão contra as conquistas dos trabalhadores. Sempre será assim, no Brasil e em qualquer lugar deste mundo.

A população pobre se preocupa com três itens para continuar sobrevivendo: segurança, educação e saúde. O que sair disto é chover no molhado. Na periferia, onde mora o grosso do eleitorado, qualquer pessoa precisa sentir segurança, que não será alvo de assalto, de homicídio quando sair para trabalhar. Deseja que a sua família esteja segura. O mesmo se aplica à classe média, porque os milionários têm respaldo dos seus leões de chácaras e carros blindados.

A educação de qualidade para que os filhos deste trabalhador possam ter condições de prestar vestibular e conseguir aprovação. Educação significa boa escolas públicas, com professores ganhando salários dignos e condições ideais para o exercício de sua profissão. Essa educação precisa ser ótima desde a Ensino Infantil ao Ensino Superior. É algo que exige alto investimento dos governantes.

 

Rede

 

Saúde é algo que jamais poderá ficar de fora. Ninguém consegue trabalhar doente. Nenhuma empresa contrata funcionário que esteja com a saúde debilitada. Não é novidade que a saúde pública está sucateada. O SUS se encontra na UTI e parte do Congresso Nacional, sob bençãos do lobby da rede privada, tenta a todo custo destruí-lo. Por outro lado, um país que tenha mão de obra doente nunca será uma nação evoluída.

Mas infelizmente, os partidos de esquerda, incluindo o próprio PT, caíram na armadilha de viajar na “maionese” discutindo projetos de lei de interesse de minorias, como se os objetivos da minoria devessem passar por cima da maioria. Esqueceu a regra básica da votação de assembleia de trabalhadores, onde prevalece o que a maioria aprovou, após ampla discussão. Todas as propostas devem ser discutidas, mas sem esquecer do macro.

Trabalhador, o grosso do eleitorado, não está interessado em conversa de “bicho grilo”. Ele não quer saber se é errado chamar alguém de homem ou mulher, descasado ou solteiro, favela ou comunidade, desempregado ou sem recurso financeiro. Para ele vai interessar sempre ter dinheiro para não passar fome, saúde e boa escola para os seus filhos. O que passar disso é papo de intelectual, que encontra solução para tudo enquanto está bebendo na mesa do boteco.

 

Cabeça

 

A direita não é burra como insinua muitas pessoas. Ela não se divide, como ocorre com a esquerda. Tem foco e luta para concretizar os seus objetivos. Percebeu o vácuo deixado pelos partidos de esquerda na periferia e foi para lá vender o seu peixe embolorado com imagem de bom. Colocou na cabeça dos jovens que ele poderia ser empreendedor trabalhando mais de 12 horas por dia entregando comida ou mercadoria comprada pela internet, ganhando migalhas.

Igual água que tanto bate em pedra dura até que fura, esse discurso encontrou eco. Hoje, o Brasil tem mais de 1 milhão de trabalhadores informais que se encaixam neste perfil, desde ciclistas entregadores a motoristas que pegam as suas corridas em aplicativos. Qual proposta a esquerda vendeu para esse exército de trabalhadores?

Hoje o foco mudou. Tudo gira em torno do digital. É nesta praia que a esquerda precisa fazer as suas discussões. Ícones da década de 60, 70 e 80 não são os mesmos dessa nova classe de trabalhadores. Eles não gastam o seu suado dinheiro comprando CDs, mas baixam as suas canções preferidas na internet. Os seus artistas são outros. São jovens que resolveram descrever a dura realidade de onde vivem, com o seu próprio linguajar, às vezes bruto.

 

Empresa

 

Para nós que passamos dos 60 anos, como é o meu caso, é preciso abrir a visão e constatar que a realidade atual é diferente dos anos de chumbo do regime militar. O discurso é outro. O trabalhador de hoje é imediatista. Não lê jornal de sindicato, mas se informa pelas redes sociais sobre o que acontece no local onde trabalha, quando tem a sorte de ser contratado por uma empresa. É rápido. Deseja que os seus questionamentos sejam contemplados de forma imediata. Não vai perder tempo com longas teses, como era rotina no sindicalismo das décadas de 60 até 90.

Hoje a informação circula rapidamente. É algo instantâneo. É preciso que a esquerda brasileira coloque os seus pés no chão e perceba que o tempo mudou. Invista em lideranças sintonizadas com o momento atual. Deve arquivar os discursos que estiveram na moda no século passado. Estamos em novos tempos. A roda girou. É preciso abrir os ouvidos e saber o que o trabalhador de hoje quer falar. Não querer ser o dono da verdade. É preciso reciclar. Até o sindicalismo precisa adotar outra postura. Não perder tempo com discussão inútil.

Hoje, caso Lula morra, quem a esquerda tem para colocar no seu lugar? Nos diversos partidos de esquerda existentes no Brasil, quais são as lideranças que realmente têm condições de discutir em pé de igualdade com os líderes que a direita tem colocado na arena? Na área da comunicação de massa, qual investimento a esquerda faz para se aproximar da periferia? O próprio Mano Brown já está próximo de ser idoso. Atualmente tem 54 anos. Quem o substituirá?

 

Momento

 

O tempo não espera ninguém. Nem muito menos tem compaixão. Igual veloz carro de corrida, continua seguindo adiante na sua trajetória. O momento é de sentar e criar estratégias de como virar esse jogo. É momento de calçar as sandálias da humildade, deixar de lado o complexo de ser o dono da verdade (ninguém é, porque cada um nós temos as nossas verdades) e sair da zona de conforto. Ir até a periferia e entender os anseios da população.

Conversar com os jovens e ouvir as suas propostas. As suas ideias, os projetos que têm para o futuro que se aproxima todo o dia, porque o dia de ontem já é passado. Ir aos bailes que eles fazem nas ruas, bater papo com as lideranças musicais que fazem sucesso entre essa parcela da juventude. Se aproximar das mulheres que ganham o pão de cada dia vendendo salgadinhos na porta de casa, na porta do metrô, do ponto de ônibus, no rapaz que rala entregando pizzas durante a noite e mercadorias compradas pela internet durante o dia.

Arquivar os discursos de luta de classe, que fizeram a cabeça de muita gente no século passado, mas hoje não encontram mais eco entre a geração que nasceu depois de 1995. Para esse novo eleitor, o importante é o dia de hoje e o de amanhã. Ele está cansado de ouvir falar do passado. A esquerda precisa deixar de lado a mania de querer ser a dona da verdade. Se este leque não se abrir, vai chegar o dia que nem eleição de síndico a esquerda vai vencer.

 Luís Alberto Alves, jornalista, autor dos livros O flagelo do Desemprego” e “Por que o meio ambiente é tão importante ao trabalhador”. Foi assessor sindical durante 15 anos e trabalhou nos principais jornais de São Paulo.

 

 

 

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Aumento da população idosa brasileira exige rotina de cuidados

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 Radiografia da Notícia

* No mês dedicado aos idosos, especialistas do Cejam destacam algumas das principais medidas para garantir mais qualidade de vida

* Estima-se que essa parcela da população tenha aumentado ainda mais, chegando a 15,8%

Projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que até o ano de 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos no mundo deverá atingir a marca de 2 bilhões

Redação/Hourpress

Em 2022, o Brasil registrou um aumento significativo na população idosa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos passaram a representar 10,9% da população total, um crescimento de 57,4% em comparação ao ano de 2010. Atualmente, estima-se que essa parcela da população tenha aumentado ainda mais, chegando a 15,8%.

Projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que até o ano de 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos no mundo deverá atingir a marca de 2 bilhões, ou seja, um em cada cinco indivíduos será idoso.

Diante desse cenário, é crucial que a sociedade esteja preparada para lidar com o envelhecimento da melhor forma. Para isso, o olhar atento para algumas questões é primordial nessa fase da vida, e uma delas é a saúde mental.

Vida

“Com o passar dos anos as relações afetivas e sociais podem ser prejudicadas pela perda dos vínculos que os idosos constituíram ao longo da vida, o que pode ocasionar isolamento social e, em casos acentuados, até mesmo a depressão”, afirma Taciana Ferreira, assistente social e supervisora multiprofissional do Cejam - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”.

Hoje, os idosos representam a faixa etária mais propensa ao desenvolvimento de depressão. O IBGE aponta que o quadro afeta 10,2% dos indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos. Dentre esses, a prevalência da doença é maior entre pessoas de 60 a 64 anos, atingindo 13,2% dos idosos.

Nesse cenário, a terapia deve ser vista como um tópico extremamente necessário. "Muitos idosos de hoje pertencem a uma geração que, por não ter tido acesso à assistência durante sua vida, tende a resistir ao processo de cuidado psicológico. Durante suas trajetórias, eles carregam questões familiares, lutos e outros problemas que, nessa fase, podem levar a doenças psicológicas e, até danos físicos”, explicou.

Solidão

A solidão é outro aspecto que merece atenção especial na terceira idade, uma vez que sua intensidade tende a crescer com o passar dos anos. Conforme dados da OMS, essa sensação pode aumentar em 25% o risco de morte, em 50% a probabilidade de desenvolver demência e em 30% as chances de contrair doenças cardiovasculares. Números que podem ser ainda mais alarmantes em uma fase marcada por maior vulnerabilidade.

“É fundamental que os idosos não se restrinjam apenas ao convívio familiar, mas também estejam inseridos em outros grupos sociais. Eles podem ser de cunho comunitário, religioso, de lazer ou esportivo. Essa participação proporciona a oportunidade de estabelecer novos vínculos e relações de amizade, o que é extremamente benéfico para a saúde mental e emocional.”

Já na parte no cuidado físico, a prática de esportes é tão importante como nas fases anteriores da vida.  As atividades nesse sentido ampliam a autonomia na realização de tarefas cotidianas dentro e fora de casa, minimizam dores, entre outros benefícios.

Força

“Entretanto, é fundamental garantir que não existam restrições temporárias ou permanentes que possam impedir a execução dessas atividades. Entre as opções de exercícios mais adequados para os idosos estão a musculação, natação, hidroginástica, exercícios aeróbicos e pilates”, ressaltou Taciana.

Uma rotina de exercícios ainda colabora com a diminuição de quedas, tida como a terceira causa mais comum de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos, isso porque elas também desenvolvem a coordenação motora, força e equilíbrio.

A alimentação é outro pilar essencial, pois com o avanço da idade é comum surgirem queixas relacionados à falta de apetite e, consequentemente, perda de peso e massa muscular.

Crucial

"O acompanhamento nutricional, a implementação de uma dieta adequada, juntamente com a suplementação, pode fazer uma diferença significativa na vida dos idosos. É crucial também não esquecer a importância do acompanhamento odontológico. A necessidade de uso ou ajuste de próteses dentárias pode afetar o processo de mastigação e qualidade de vida, causando problemas adicionais", declarou a Dra. Gisela Saori Yoshimatsu, geriatra do CEJAM.

À medida que se envelhece, a pele é outro fator evidente que precisa de reparos. É durante esse momento que ela tende a se tornar mais fina e áspera, devido à diminuição na produção de óleos naturais pelo corpo.

“É essencial beber mais água para manter a pele hidratada internamente. Além disso, o idoso deve evitar banhos quentes e estabelecer uma rotina de hidratação externa com cremes específicos para auxiliar na manutenção da elasticidade e suavidade da pele”, complementa Maria Jurema Sales, enfermeira da instituição.

Quanto à exposição ao sol, recomenda-se evitar horários de maior incidência de raios UVA e UVB, pois estes podem acelerar ainda mais o envelhecimento cutâneo. “A utilização de protetor solar é indispensável ao idoso, usar acessórios como chapéus, bonés e sombrinhas podem potencializar a sua proteção.”

Por fim, a enfermeira reforça a necessidade de manter os exames de saúde em dia e buscar alternativas para utilizar corretamente as medicações prescritas ao longo dessa jornada.


Ações judiciais em defesa dos pacientes contaminados por HIV no RJ


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Radiografia da Notícia

Conheça as consequências legais e medidas jurídicas que devem ser tomadas

De acordo com o especialista, o Ministério Público deve atuar com rigor, solicitando medidas como a prisão preventiva dos envolvidos

Em relação às vítimas, a perícia médica terá papel essencial para avaliar o impacto do erro médico em cada paciente

Redação/Hourpress


Seis pacientes no Rio de Janeiro testaram positivo para HIV após receberem órgãos transplantados, em um caso considerado inédito no país. Advogados e especialista em perícia médica esclarecem as consequências jurídicas em diversas áreas do direito, responsabilidades e falhas ocorridas no controle de qualidade dos órgãos transplantados.

 

As investigações preliminares apontam falhas no processo de triagem dos órgãos e doadores, levantando questões sobre a responsabilidade do Estado e do laboratório envolvido no procedimento. A Secretaria Estadual de Saúde confirmou a contaminação e iniciou medidas emergenciais, enquanto o laboratório foi interditado.
 

advogado especialista em Direito da Saúde, Washington Fonseca, sócio do escritório Fonseca Moreti Advogados, comenta que o Estado do Rio de Janeiro e o laboratório envolvidos são passíveis de responsabilização legal pelo ocorrido. “O Estado tem o dever de responder em casos como este, em que falhas graves resultaram na contaminação de pacientes por HIV durante procedimentos de transplante. A responsabilidade não recai apenas sobre os entes públicos, mas também sobre o laboratório responsável pela apuração da aptidão dos órgãos e doadores. Trata-se de um erro absolutamente desumano”, ressalta o advogado.
 

De acordo com o especialista, o Ministério Público deve atuar com rigor, solicitando medidas como a prisão preventiva dos envolvidos, além de buscas e apreensão de documentos para garantir a preservação das provas. “O crime contra a saúde pública é grave, e o Ministério Público tem o papel de iniciar a investigação criminal e promover ações penais contra os sócios e funcionários do laboratório. Os pacientes contaminados têm o direito de buscar reparação judicial tanto na esfera penal quanto civil. Os prejudicados devem acionar a justiça em busca de indenização pelos danos causados. Na esfera privada, eles podem processar tanto o Estado quanto o laboratório. O juiz, ao proferir a sentença, determinará o valor da indenização com base nos danos sofridos pelos pacientes. Embora o valor pleiteado possa ser inferior ao desejado, o direito à reparação é inegável”, explica Fonseca.
 

médica Caroline Daitx, especialista em medicina legal e perícia médica, ressalta que a situação atual expõe falhas em alguma etapa desses procedimentos. "A transmissão de HIV em transplantes de órgãos aponta para falhas no processo, que pode incluir desde a janela imunológica — fase inicial da infecção em que o HIV pode não ser detectado — até falhas humanas e administrativas", afirma.
 

Em relação às vítimas, a perícia médica terá papel essencial para avaliar o impacto do erro médico em cada paciente. Daitx explica que "cada caso será tratado individualmente para determinar a extensão dos danos. No caso do paciente que recebeu um transplante hepático e faleceu, será necessário verificar se o HIV influenciou na causa da morte. Quanto aos pacientes que receberam transplantes renais, a análise incluirá as repercussões atuais da infecção e as possíveis consequências futuras”, ressalta a médica.
 

Segundo Rafael Paiva, especialista em Direito Penal, se comprovado que os responsáveis sabiam da contaminação, ou pelo menos assumiram o risco da contaminação, teríamos a aplicação do crime de lesão corporal gravíssima pela transmissão de enfermidade incurável, prevista no Artigo 129, parágrafo 2, inciso II, do Código Penal, com pena de reclusão de 2 a 8 anos.
 

“Havendo a comprovação de falsificação dos resultados dos exames de liberação dos órgãos, há ainda a possibilidade de responsabilização pelo crime de falsificação de documento. Além disso, a depender de como caminhará essa investigação, pode haver a imputação de crime contra as relações de consumo (art. 7º, inciso VII da Lei 8.137/90), associação criminosa e alguma infração sanitária”, pontuou Paiva.

STF barra possibilidade de recalcular aposentadorias e preocupa beneficiários







 

Radiografia da Notícia

Especialista em Direito Previdenciário do Ceub explica os impactos práticos para quem está prestes a se aposentar

No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) recentemente extinguiu essa possibilidade

Desde a Reforma da Previdência, o cálculo está sendo feito com base em todas as contribuições

Redação/Hourpress

Já ouviu falar na Revisão da Vida Toda? A regra previdenciária permitia a aposentados incluírem no cálculo de seus benefícios as contribuições feitas antes de julho de 1994, o que, em muitos casos, resultava em uma aposentadoria com valor mais alto. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) recentemente extinguiu essa possibilidade. Antes da decisão, os recolhimentos ao INSS anteriores a essa data podiam ser considerados no cálculo, aumentando a média das aposentadorias para muitos beneficiários. 
 
Desde a Reforma da Previdência, o cálculo está sendo feito com base em todas as contribuições. Isso significa que, quanto menor o tempo de contribuição e a idade do segurado, menor será o valor da aposentadoria. Daniella Torres, professora de Direito do Ceub e especialista em Direito Previdenciário, esclarece os efeitos práticos da decisão para quem está próximo de se aposentar e aponta alternativas no momento de calcular a aposentadoria.
 
Confira entrevista, na íntegra:
 
Qual é o impacto imediato da decisão do STF sobre a eliminação da Revisão da Vida Toda para aposentados que estavam aguardando essa possibilidade?
DT: A decisão do STF elimina a possibilidade de revisão para segurados que aguardavam essa chance. Muitos acreditavam que poderiam incluir as contribuições anteriores a julho de 1994 em seu benefício, mas com essa decisão, o cálculo permanece limitado às contribuições feitas após essa data.
 
Como essa decisão afeta os aposentados que já entraram com processos de revisão antes de março de 2024? Eles ainda podem ter algum direito adquirido?
DT: Para quem já havia entrado com processos de revisão, não há direito adquirido quanto à Revisão da Vida Toda. A decisão do STF foi clara ao estabelecer que, se o cálculo da aposentadoria já foi feito com base nas contribuições de julho de 1994 em diante, não há como incluir as anteriores. Mesmo que o processo tenha sido iniciado antes de março de 2024, a decisão afeta esses casos da mesma forma.
 
Há algum tipo de recurso ou ação judicial que possa ser movida por quem se sentir prejudicados pela eliminação da Revisão da Vida Toda?
DT: Não há mais recursos disponíveis para quem acredita ter sido prejudicado pela eliminação da Revisão da Vida Toda. A decisão do STF foi em última instância e não será alterada. Há ainda alguns detalhes processuais, como embargos de declaração, mas eles não modificarão o teor da decisão.
 
Como a decisão afeta a relação entre o direito dos beneficiários e a sustentabilidade do sistema previdenciário?
DT: A decisão foi, em grande parte, baseada no impacto econômico. Embora não tenham sido apresentados cálculos precisos sobre o quanto seria pago caso a Revisão da Vida Toda fosse implementada, ficou claro que haveria um aumento significativo nos gastos públicos. Dessa forma, a decisão acaba preservando a sustentabilidade financeira do sistema previdenciário. O impacto é positivo para os cofres públicos, já que evita o pagamento de valores retroativos e reajustes que poderiam ser significativos para alguns aposentados. 
 
Existem alternativas legais para melhorar o benefício dos aposentados dentro das regras atuais?
DT: Não. A Reforma da Previdência de 2019 foi rigorosa com relação aos benefícios, especialmente em casos como pensão por morte e aposentadoria especial. Para quem quer uma aposentadoria mais tranquila, a melhor saída é investir em uma previdência complementar.
 
Os aposentados devem esperar mudanças em suas aposentadorias com a decisão? O impacto será limitado?
DT: Não haverá mudanças para os aposentados que aguardavam a Revisão da Vida Toda. O cálculo de suas aposentadorias permanecerá conforme já definido, sem a inclusão de contribuições anteriores a 1994. A decisão do STF encerra a discussão sobre a Revisão da Vida Toda, trazendo um alívio para os cofres públicos, mas um impacto negativo para os segurados que poderiam se beneficiar dessa revisão.
 

Aumento da menopausa precoce preocupa especialistas e impacta a saúde da mulher


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Radiografia da Notícia

Segundo a OMS, uma a cada cem mulheres sofrem da condição que dispara diversos alertas de saúde e bem-estar

De acordo com médicas especialistas, esse número vem crescendo por causa de uma combinação de fatores genéticos e de estilo de vida

Os sintomas da menopausa precoce são semelhantes aos da menopausa natural e incluem irregularidade menstrual, ondas de calor, secura vaginal, diminuição da libido

Redação/Hourpress

A menopausa precoce, uma condição que afeta cada vez mais mulheres ao redor do mundo, tem despertado a atenção de especialistas e mulheres jovens, que muitas vezes desconhecem seus sinais e riscos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 1 em cada 100 mulheres é afetada pela menopausa precoce, e antes dos 30 anos, a incidência é de 1 em 1.000 mulheres. De acordo com médicas especialistas, esse número vem crescendo por causa de uma combinação de fatores genéticos e de estilo de vida.

 

De acordo com a Dra. Graziela Canheo, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana na La Vita Clinic, "a menopausa precoce, ou falência ovariana prematura, é definida como a ausência da menstruação por mais de 12 meses em mulheres com menos de 40 anos". Ela explica que os ovários deixam de responder aos hormônios produzidos pela hipófise, devido a uma concentração extremamente baixa de folículos primordiais.

 

Causas da menopausa precoce

 

A Dra. Graziela destaca que, em muitos casos, não é possível identificar uma causa clara para a menopausa precoce. No entanto, ela ressalta alguns fatores que podem contribuir, como questões genéticas, doenças autoimunes, cirurgias ovarianas, tratamentos como quimioterapia ou radioterapia pélvica, e doenças que acometem os ovários, como a endometriose. "Até 30% dos casos de menopausa precoce são de origem autoimune", afirma a médica.

 

Por sua vez, a Dra. Paula Fettback, ginecologista especialista em reprodução humana pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), complementa: "Muitas mulheres jovens usam métodos contraceptivos hormonais que podem mascarar os sintomas, o que torna o diagnóstico da menopausa precoce muitas vezes um desafio, sendo realizado apenas após a suspensão do uso desses contraceptivos."

 

Saiba reconhecer os sintomas

 

Os sintomas da menopausa precoce são semelhantes aos da menopausa natural e incluem irregularidade menstrual, ondas de calor, secura vaginal, diminuição da libido, e alterações de humor, como depressão e irritabilidade. A Dra. Graziela enfatiza: "Em alguns casos, as mulheres podem ser assintomáticas, mas a menopausa provocada por cirurgias ou tratamentos quimioterápicos tende a apresentar sintomas mais intensos e de forma mais abrupta."

 

Além dos sintomas físicos, os impactos da menopausa precoce se estendem à saúde emocional e mental. "A deficiência hormonal precoce pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, osteoporose e problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão", alerta a Dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

 

Ao identificar os sintomas, é recomendado que se busque ajuda médica para entender melhor o quadro. "Muitas mulheres desconhecem os sinais e acabam não procurando tratamento, o que pode agravar os sintomas e aumentar o risco de outras complicações de saúde", avisa a Dra. Tassiane. Além disso, fatores como o estresse e a rotina acelerada das mulheres modernas podem influenciar o início da menopausa precoce.

 

Como fica a questão da fertilidade?

 

A infertilidade surge como um significativo e natural efeito da menopausa precoce. No entanto, para mulheres que desejam engravidar, a Dra. Paula menciona que a fertilização in vitro com doação de óvulos é uma alternativa viável: "Se as técnicas tradicionais de indução da ovulação não tiverem sucesso, o tratamento indicado geralmente é a doação de óvulos, fertilizando-os com o sêmen do parceiro ou de um doador, e transferindo o embrião ao útero da mãe."

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Alergias respiratórias: o perigo, muitas vezes, dorme com você!

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Radiografia da Notícia

O bom e velho travesseiro pode ser o grande vilão das crises alérgicas que você tem e não sabe o porquê; médica do Hospital Paulista explica que higiene e troca regular são indispensáveis a quem tem rinite, asma e alergia a ácaros, sobretudo

Afinal, não basta apenas saber o que lhe causa alergia

 De acordo com ela, especialmente para quem tem alergia a ácaro, asma ou rinite alérgica, é indispensável fazer a troca regular dos travesseiros.

Redação/Hourpress

É muito comum as pessoas tentarem descobrir qual a real causa de suas alergias. Para tanto, recorrem ao médico, fazem exames, buscam tratamentos diversos. Algumas, às vezes, ficam anos em busca de um diagnóstico e, mesmo depois de revelado, o problema persiste.

Afinal, não basta apenas saber o que lhe causa alergia. É preciso, sobretudo, se cercar dos cuidados necessários para evitar o contato com os agentes alérgenos que lhe fazem mal. E é justamente aí que as pessoas vacilam.

Muitas vezes o perigo dorme com você (aliás, coladinho ao rosto), e a gente custa a perceber. Sim, o seu travesseiro pode ser um dos grandes vilões dessa história!

Asma

Quem alerta é da Dra. Cristiane Passos Dias Levy, médica otorrinolaringologista do Hospital Paulista, especialista em alergias respiratórias. De acordo com ela, especialmente para quem tem alergia a ácaro, asma ou rinite alérgica, é indispensável fazer a troca regular dos travesseiros. 

"Com o passar do tempo, os travesseiros acumulam uma enorme quantidade de microrganismos, que se alimentam de secreções eliminadas durante o sono, seja pela boca (saliva), ouvidos (cerume), olhos (lágrimas), nariz (coriza), cabelos (seborreia) e até mesmo pela pele (suor e pele morta). Isso tudo se dispersa em uma poeira fina que pode ser facilmente inalada e causar alergias", explicou.

Estudos apontam que, após dois anos de uso, de 10% a 25% do peso de um travesseiro pode ser formado por ácaros e células mortas da pele. Isso sem contar as secreções artificiais que nele também costumam estar presentes, como cosméticos, perfumes, tinturas e maquiagem.

Médica

"É um acessório diariamente submetido a uma contaminação maciça. Por isso merece um cuidado especial em termos de higienização, além da troca a cada dois anos, que é o prazo recomendado por especialistas”, destacou a médica.

No caso da higienização, ela diz que o ideal é fazê-la em lavanderias especializadas que sigam estritamente as instruções de lavagem. "Isso porque, é importante que haja a secagem completa do travesseiro, e as máquinas de uso doméstico geralmente não têm um desempenho que garanta isso", pondera a Dra. Cristiane, acrescentando que esse procedimento pode ser feito a cada seis meses.

Para os alérgicos a ácaros, em especial, a médica também recomenda o uso de capas de proteção antiácaro, seja nos travesseiros, seja nos colchões, a fim de se evitar maior contaminação. "Essas capas podem ser lavadas a cada três ou quatro semanas", explicou.

Tomadas essas precauções, cabem as tradicionais dicas em relação à importância de manter o quarto sempre bem ventilado e iluminado; ficar atento a possíveis infiltrações ou outras causas de umidade no quarto; além de evitar varrer e espanar os móveis durante a limpeza, priorizando o uso de panos úmidos, de modo a evitar que os ácaros entrem em suspensão e se depositem sobre lençóis e fronhas limpos.